Compreender os movimentos socioculturais que habitam o presente e que desenham o futuro numa cidade como Lisboa. Queremos compreender estas complexas narrativas para crescer melhor. 

Estudamos mentalidades emergentes.
Observamos práticas criativas.
Mapeamos mudanças e ideias.
Navegamos entre o sólido e o líquido.
Partilhamos as nossas perspetivas sobre o complexo mapa em movimento de representações, discursos, experiências, práticas e artefactos.

A natureza do relatório: Quem? Como? Porquê?

O quê? Relatório de Tendências Socioculturais, com foco nas realidades de Lisboa.

Como? Mediante uma pesquisa empírica, de campo e secundária usando seis métodos diferentes.

Quem? Estudo realizado pelos estudantes do Mestrado em Cultura e Comunicação, com o apoio de doutorandos em Estudos de Cultura e de docentes do Programa em Cultura e Comunicação.

Onde? Estudo organizado e editado pelo Laboratório de Gestão de Tendências e da Cultura, um projeto do Programa em Cultura e Comunicação e do CEAUL (Centro de Estudos Anglísticos da Universidade de Lisboa), Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.

Quando? O processo de estudo e sistematização dos resultados teve lugar entre Fevereiro e Julho de 2020.

Este trabalho nasce de uma experiência pedagógica de oito anos que parte da abertura, em 2012, da Pós-Graduação de Especialização em Comunicação de Tendências até ao momento atual onde a análise de tendências socioculturais tornou-se um conteúdo e tópico de investigação no âmbito do Mestrado em Cultura e Comunicação e do Doutoramento em Estudos de Cultura. A par disso, bebe também da experiência de uma “escola” portuguesa em Estudos de Tendências que se começa a desenvolver em Lisboa desde 2009 e que em 2014 vê o surgimento do Trends Observer como uma rede científica que ainda hoje é uma importante referência e base para a nossa investigação. Tudo isto, com diferentes fases e mediante vários projetos, acaba por sublinhar a cidade como um polo da análise de tendências com produção científica na área. Neste contexto, surge o Projeto/Laboratório de Gestão de Tendências e da Cultura, associado ao Programa em Cultura e Comunicação e ao CEAUL, ambos unidades da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Esta é uma articulação entre a pesquisa em desenvolvimento num contexto de centro de investigação e a formação em contexto de estudos pós-graduados. Tendo em conta a grande quantidade de informação e um processo de observação contínua, este relatório não assume uma natureza fechada e estará em constante atualização até Dezembro de 2020. No âmbito dos diferentes métodos de análise aplicados na fase de observação e recolha (do coolhunting às entrevistas e aos inquéritos), selecionámos um largo conjunto de dados e de resultados para apresentar abaixo no relatório, sendo que pretendemos incluir mais até Dezembro através de um processo de curadoria partilhada.

Fruto deste contexto, e com um roteiro metodológico publicado e aceite entre os pares (aliás, parte também da experiência internacional de profissionais e especialistas), surgiu a necessidade de criar um mapa de tendências socioculturais próprio. A experiência adquirida neste processo pelos intervenientes e a existência de um corpo de docentes e jovens investigadores de doutoramento permitiu formatar o briefing para o exercício de identificação de tendências (baseado no trabalho de Gomes, Cohen e Flores, 2018) e trabalhar o mesmo com os estudantes do Mestrado em Cultura e Comunicação da FLUL. Este ponto é muito importante para nós. Este é um exercício científico, mas primeiro que tudo pedagógico. Os objetivos passaram também por formar estudantes de mestrado e introduzir os mesmos nesta prática de análise, revendo os resultados de aprendizagem. A par disto, os estudantes do Doutoramento em Estudos de Cultura, a desenvolver investigação em Estudos de Tendências, agiram como tutores dos mestrandos e apoiaram a orientação e o desenvolvimento da pesquisa e da análise. Não é demais sublinhar a importância de todos estes estudantes, sem os quais o estudo não teria tido lugar e que aplicaram os diferentes métodos numa análise empírica, de campo e de revisão literária. A motivação de todos foi clara e daí resulta a complexidade deste trabalho.

Noutra nota que importa sublinhar, fruto dos projetos anteriormente desenvolvidos e da missão do Laboratório, decidimos dar um cunho local a este relatório. Apesar deste tipo de investigação pretender identificar tendências macro internacionais – partido das influências da globalização e a disseminação global de mudanças nas mentalidades; a nossa pesquisa colocou Portugal e principalmente a cidade de Lisboa em destaque. Por outras palavras, trabalhamos com tendências socioculturais internacionais, mas observamos as mesmas à luz das suas manifestações no nosso contexto e os resultados sublinham essa importante orientação.

Equipa e Ficha Técnica

Copyright © 2020 Laboratório de Gestão de Tendências e da Cultura, Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa

Editado e Organizado por Nelson Pinheiro Gomes

Tutores: Ana Marta Flores; Sarita Oliveira; Suzana Cohen; Suzana Leonardi; William Cantú.

Grupos Autorais de Trabalho 2020:
Hipótese 1 / (1/2020) / Tópicos – Identidades, Experiências, Nostalgia: Heloisa Keiko, Gabriela Orestes, Gabriela Abreu, Cláudia Marques.
Hipótese 2 / (2/2020) / Tópicos – Aceitação, Individualismo, Polaridade, Género, Autenticidade, Crise: Gustavo da Silva, Jefferson Pereira, William dos Santos.
Hipótese 3 / (3/2020) / Tópicos – Tecnologia, Interação, Personalização, Mobilidade, Inovação: Irina Martins, Filipa Pina, Nanqian Jiang.
Hipótese 4 / (4/2020) / Tópicos – Sustentabilidade: Marianna Rosalles, Francisco Mateus.
Hipótese 5 / (5/2020) / Tópicos – Bem-Estar, Privacidade: Andreia Carneiro, Caroline Rocha, Karliete Nunes.

Grupo de Foco e Revisão dos Textos das Tendências: Nelson Pinheiro Gomes; Ana Marta Flores; Suzana Cohen; Suzana Leonardi; William Cantú; Clarissa Lopes; Sarita Oliveira; Illa Branco; Raquel Sodré.
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Edição do Inglês por Nelson Pinheiro e Suzana Cohen

Design e layout por William Cantú

Organização de
Laboratório em Gestão de Tendências e da Cultura
Programa em Cultura e Comunicação e Centros de Estudos Anglísticos da Universidade de Lisboa
FACULDADE DE LETRAS DA UNIVERSIDADE DE LISBOA

Publicado digitalmente em 11-07-2020, Lisboa.
https://creativecultures.letras.ulisboa.pt/index.php/gtc-trends2020/

nelsonpinheiro@campus.ul.pt

Metodologia

A Identificação e Análise de Tendências Socioculturais

Para a estruturação desta pesquisa seguimos a abordagem de identificação de tendências proposta por Nelson Pinheiro, Suzana Cohen e Ana Marta Flores (2018). A mesma foi desenvolvida com base na articulação das perspetivas de diferentes autores (a sublinhar Dragt, 2018; Raymond, 2010; Vejlgaard, 2008; entre outros) e pretende informar um modelo de Trendspotting e Trendwatching, ou seja, de identificação e análise de tendências. Este exercício pressupõe três fases: (1) observação cultural e recolha de dados (Gomes, Cohen e Flores, 2018, pp. 66-73) onde a hipótese é enquadrada tendo em conta um cruzamento das fontes analisadas; uma pesquisa qualitativa com os públicos (como sublinhado por Raymond, 2010), abordando entrevistas e inquéritos; e um conjunto de coolhunts (ver Rohde, 2011; Gloor e Cooper, 2007) – o coolhunting assume aqui um papel de destaque, como prática de inspiração etnográfica/netnográfica que procura sinais criativos que indicam a emergência de novas práticas e representações no âmbito de alterações nas mentalidades. (2) A sistematização da informação (Gomes, Cohen e Flores, 2018, pp. 74-75) pressupõe uma interpretação aprofundada dos dados e a sua análise num contexto de geração de ligações por afinidade (ver também Dragt, 2017; Mason et. al, 2015) para sistematizar a informação e criar grupos de dados que permitem construir uma perspetiva clara sobre a arquitetura e natureza das tendências. (3) a última fase pressupõe o desenho e a arquitetura do ADN da tendência (Gomes, Cohen e Flores, 2018, pp. 87-77) onde, com base nos grupos sistematizados, identificamos a natureza da tendência sociocultural e construímos o seu ADN e o texto descritivo da mesma. Estes textos passam depois pelo crivo de um grupo de pares, especialistas em Estudos de Tendências e em dinâmicas socioculturais, através de um processo Delphi ou de um grupo de foco, de forma a rever o texto final à luz dos dados da investigação.

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Aplicação do Exercício

Como já foi referido, este trabalho surge de um contexto pedagógico e está inserido em unidades curriculares de 2º e 3º ciclo no âmbito do Programa em Cultura e Comunicação. Os estudantes de mestrado que participaram foram organizados em cinco grupos, cada um com uma hipótese inicial e um conjunto de tópicos culturais associados. Cada grupo desenvolveu a sua pesquisa e o processo de identificação de tendências, seguindo o modelo de três fases atrás descrito que foi traduzido num briefing com instruções específicas pelo docente responsável, o Prof. Nelson Pinheiro. A investigação, desde a primeira fase até à entrega dos textos preliminares das tendências, teve lugar entre 5 de Fevereiro e 15 de Maio de 2020. Cada grupo, para além do docente responsável, teve o apoio de um tutor – doutor ou estudante de doutoramento a desenvolver investigação na área dos Estudos de Tendências. Na primeira fase os alunos abordaram seis métodos diferentes:

Método 1 – Desk Research, Pesquisa de fontes secundárias.

Também conhecida como pesquisa secundária, procura identificar trabalhos já realizados sobre a hipótese e os seus tópicos, ao contrário do trabalho empírico e de campo realizados de raiz para a investigação. Foram considerados relatórios e outras fontes capazes de trazer dados iniciais para a pesquisa.

Método 2 – Clipping dos Media

Partindo da premissa de que os media sublinham questões de destaque em discussão na praça pública, cada grupo recolheu notícias dos principais jornais nacionais e de outras fontes internacionais relacionados com a hipótese. O grupo 1 reuniu um total de vinte peças, o grupo 2 trinta e uma, o grupo 3 vinte, o grupo 4 vinte e o grupo cinco vinte e uma, num total de 112.

Método 3 – Coolhunting

O método de Coolhunting foi aplicado com base numa amostra por conveniência. Cada grupo de trabalho identificou vinte sinais cool (com excepção do grupo 3 que identificou vinte e um) que surgiram tanto a nível nacional como internacional, reunindo-se um total de cento e um sinais. Destes, cada grupo analisou em profundidade os que consideraram mais representativos da hipótese. Abaixo apresentamos dezoito sinais, uma amostra dos sinais analisados em profundidade, representativos de cada hipótese. Na análise dos resultados foi considerado o universo total de sinais identificados por cada grupo, com destaque para os significados e insights impressos nos sinais mais representativos das hipóteses.
A par dos sinais Cool e considerando o objetivo de sublinhar o contexto português, especialmente lisboeta, cada grupo identificou online, numa abordagem similar à anterior, quinze espaços e/ou projetos criativos e/ou cool na cidade de Lisboa com uma relação clara com a hipótese de cada. No total, foram identificados setenta e cinco espaços/projetos relacionados com o universo das hipóteses. Em termos de limitações, a abordagem por grupo não permitiu verificar quais as tendências com mais impacto em espaço e projetos na cidade.

Método 4 – Análise Audiovisual

Partindo da premissa que a produção audiovisual tem o potencial de traduzir mudanças nas mentalidades e a emergência de novas narrativas e construções simbólicas, importa compreender os significados que se encerram nestes produtos. Para tal, os grupos recolheram informações sobre (1) os filmes exibidos em Portugal nos últimos cinco anos (1860 títulos revistos) e (2) as produções disponíveis na plataforma Netflix em Portugal. Cada grupo analisou as sinopses e os conteúdos de cada objeto e sublinharam as devidas associações com as hipóteses, de modo a compreender o peso e a expressão de cada tendência no total das produções analisadas.

Método 5 – Inquéritos

Cada grupo de trabalho desenvolveu um inquérito para habitantes, trabalhadores ou estudantes da cidade de Lisboa a ter lugar online com recurso a comunidades das redes sociais. Os inquéritos tiveram lugar entre 20 de Abril e 9 de Maio, tendo o exercício obtido um total de 496 participações, no âmbito de uma amostra aleatória.

Método 6 – Entrevistas

Cada grupo de trabalho realizou entrevistas semi-estruturadas por conveniência com indivíduos do público geral, ou com profissionais/especialistas relacionados com os tópicos das hipóteses. No total, tiveram lugar, entre 15 de Abril e 13 de Maio, um total de 51 entrevistas. Destas, 12 com o público geral e 39 com profissionais ou especialistas nas temáticas.

Após reunirem os dados de cada método e de tirarem as conclusões iniciais (que partilhamos neste relatório mais abaixo), cada grupo de estudantes, com o apoio dos tutores, sistematizou a informação e os resultados e agruparam os mesmos por afinidades em insights (pistas estratégicas) sobre a natureza da tendência em estudo. Com isto, de seguida, estruturaram o ADN da tendência e o texto preliminar com a descrição da mesma. Com esse texto e os principais resultados da pesquisa, os investigadores e jovens investigadores do Laboratório em Gestão de Tendências e da Cultura reviram as descrições entre 25 de Maio e 07 de Julho de 2020, mediante um processo de vários grupo de foco, que deram lugar aos textos finais da tendências no dia 10 Julho de 2020.

Referências:
DRAGT, Els (2017). How to Research Trends. Amsterdam: Bis Publishers.

GLADWELL, Malcolm (2006). The Tipping Point: How little things can make a big difference. New York: Little Brown.

GLOOR, Peter e Scott Cooper (2007). Coolhunting: Chasing down the next big thing. New York: Amacom.

GOMES, Nelson; Cohen, Suzana; Flores, Ana Marta (2018). “Estudos de Tendências: Contributo para uma abordagem de análise e gestão da cultura”. Moda Palavra, V.11, N.22.

HIGHAM, William (2009). The Next Big Thing. London: Kogan Page.

MASON, Henry; MATTIN, David; LUTHY, Maxwell; DUMITRESCU, Delia (2015). Trend Driven Innovation. New Jersey: Wiley.

PORTA, D.; KEATING, M. (2008). Approaches and Methodologies in the Social Sciences: A pluralist Perspective. Cambridge: Cambridge University Press.

RAYMOND, Martin (2010). The Trend Forecaster´s Handbook. London: Laurence King.

ROHDE, Carl (2011). “Serious Trendwatching”. Tilburg: Fontys University of Applied Sciences and Science of the Time.

VEJLGAARD, Henrik (2008). Anatomy of a Trend. New York: McGraw-Hill.

O nosso código sociocultural.


“Culture is ordinary” and “a whole way of Life” (R. Williams)

Tendência Narrativas Ancoradas / Anchored Narratives

macro // Narrativas Ancoradas

Esta tendência sublinha a importância dos repositórios simbólicos e os processos de construção de narrativas. Num mundo em constante e crescente mudança – cada mais plural, fluido e líquido – estes repositórios atuam como âncoras. Eles permitem uma construção simbólica com base (1) em elementos sólidos das memórias coletivas e (2) numa personalização tanto criativa como mimética. O resultado são construções fluidas – entre o passado e a experiência individual – com um objetivo de projeção futura, ou seja, desenhadas para um futuro. Futuro este que, de certa forma, já habita a consciência do presente. Desta forma, este processo de construção de narrativas é tanto um resultado como uma causa de mudanças.

Estas estórias e narrativas são criadas com base nas fontes simbólicas e fruto de uma curadoria que procura gerir uma fluidez entre memória e a personalização criativa das estórias. São reciclagens sígnicas num constante processo de revisão dos significados, uma contínua revisitação dos símbolos que se encontram nos espaços físicos e digitais e que geram novas formas de narrar e de envolver os públicos. Isto considerando uma imersão que ultrapassa as diferentes fronteiras do real e da perceção.
Através de estórias, as marcas ganham personalidade e uma nova natureza; os espaços criam narrativas a ser experienciadas; as comunidades geram processos de reconhecimento e identificação que transitam entre o coletivo e a construção individual; criam-se novos processos de relação entre públicos, artefactos e instituições; o autentico é debatido e redesenhado/revisitado. A legitimidade do processo e das narrativas fica emaranhada na fluidez das referências e das camadas das estórias, em ondas de visões orientadas para o futuro e o passado. A tensão entre o sólido e o líquido exige um recurso à memória coletiva e parece que, cada vez mais, intensifica-se o recurso a este repositório de âncoras simbólicas. Veja-se os conceitos de Bauman, Lipovetsky e Don DeLillo.

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micro » Arquipélagos urbanos e digitais

A experiência na cidade difere-se entre os seus habitantes, a partir de uma matriz fortemente relacionada com o acesso ao próprio espaço urbano. No cenário das grandes cidades observamos a formação de novas zonas, dispersas no espaço coletivo mas centrais em termos de referenciais identitários, culturais e da produção de identidades. Estas ilhas compõem um arquipélago de realidades que entram em contato no convívio quotidiano, provocando encontros de descoberta e tensão entre identidades, práticas, representações e discursos mediados por diversas manifestações socioculturais. Falamos de cidades híbridas como espaços não fixos que possibilitam navegações. Aliás, como a nossa filiação identitária é plural, muitas vezes navegamos pelos diferentes espaços identitários, de realidade em realidade, de narrativa em narrativa, articulando o divergente através da vivência dos espaços. Estes últimos, para além do ambiente físico, ganham dimensões virtuais a partir de conteúdos digitais interativos que podem ser acedidos em qualquer lugar. O fluxo e a interação globais, físicos e digitais, atingem um novo escopo de possibilidades, ligando pessoas a espaços através da promoção de experiências que agora podem ultrapassar limites anteriores.

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micro // iNostalgia

O sentimento de nostalgia, enquanto saudade idealizada do passado, promove representações, práticas e artefactos anacrónicos, influenciando comportamentos, espaços e produtos nas dinâmicas atuais. Esta tendência tem ao seu alcance o repertório simbólico e o contexto em que habitam os artefactos e a memória coletiva. Muitas vezes, é uma construção idealizada através da memória, da narrativa, ou da construção de outro. Uma articulação e hibridização entre a nostalgia de algo vivenciado e de algo sonhado, ou assimilado por contacto secundário. Uma convergência de memórias e de imaginários. A saudade do que não foi vivido sublinha também uma nostalgia pelo que poderia ter acontecido se as circunstâncias fossem outras. Não obstante, neste mundo em crescente mudança, as memórias fortes e os símbolos mais sólidos são guias, uma segurança, e uma estabilidade que permite navegar as mutações de identidades e padrões de produção/consumo cultural. Esta micro tendência vai para além da coisa, sublinhando-se a importância do sentido que, sendo sempre algo individual, parte da estrutura coletiva e não privada – é partilhada. Valendo-se de referenciais consolidados no imaginário coletivo, o desenho de experiências; de obras audiovisuais; e de outras soluções ao nível de produtos culturais e serviços recorrem à adaptação ou atualização de narrativas já existentes num constante remake do repositório simbólico global. Em novas nuances, o analógico, antes obsoleto, provoca agora associações simbólicas com impacte positivo num processo de identificação emocional entre os públicos. A partir destes conteúdos vivenciamos um tempo que se mostra cada vez mais curto entre o que é novo e o que é velho, misturados nas possibilidades de acesso proporcionadas pela rede.

(com base nos resultados das hipóteses 1 e 2)

Tendência Identidades Protagonistas / Protagonist Identities

macro // Identidades Protagonistas

Esta tendência sublinha uma tensão, de grande mudança, entre os protagonismos coletivo e individual. Uma tensão entre (1) as categorias coletivas em debate e (2) o fim das mesmas numa construção apenas individual, resultando num hibridismo e numa revisão constante do conceito de identidade. Uma porosidade pendular que tanto enaltece as categorias como recusa os rótulos. Uma tendência que sublinha várias representações e construções identitárias em diálogo permanente e perpétuo, na busca por um resultado final que não existe e cujo futuro imaginado muda a cada momento.
Assim, por um lado, a ânsia por representatividade, para além do que disposto e disponível pelas diferentes tipologias de autoridades – órgãos governamentais e a sociedade em geral – surge pela urgência do auto-identificar, auto-pertencer e auto-expressar. A equidade nas relações humanas passa a ser o foco principal. Vivenciamos uma constante revisitação de categorias, que também se tornam alvo de contestações, disputas e resistência: a memória oficial parece não bastar enquanto forma de representação de diferentes grupos que coexistem nos mesmos espaços. Vemos, então, a atualização de ferramentas socioculturais para a manutenção e valorização de memórias coletivas e matrizes identitárias individuais e comunitárias, acompanhando as transformações dos modos de vida e as possibilidades sociais, económicas e tecnológicas. A procura pelas histórias fundadoras não desaparece, agregando uma proposta de reciclagem do olhar sobre o passado que permita a inclusão de matrizes identitárias não hegemónicas enquanto voz ativa; e do peso de novas dinâmicas híbridas e tribais muitas vezes baseadas na partilha de determinadas representações/artefactos e práticas de consumo.
Em simultâneo, verificamos que as denominações e formas de expressões identitárias atuais, e mais tradicionais, não são suficientes na demanda por uma autoexpressão que com o passar dos tempos se tornou mais plural do que nunca. Atualmente vivemos a expansão de categorias identitárias, uma construção que surge de dentro de cada um para fora e para o visível. A memória é desafiada pelas vozes que surgem de dentro e pela liquidez na construção das arquiteturas identitárias individuais e grupais. Uma construção de identidades protagonistas sem fronteiras e sem restrições.

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micro // Corpos Políticos

Num contexto de falta de equidade na representatividade e de confiança nas autoridades e nos media, somos nós corpos políticos, os principais agentes ativos de transformação. Surge assim um movimento de grupos que procuram, de forma coletiva e individual, tomar as rédeas e promover políticas, transformando os sistemas atuais e enfrentando medos e reações adversas das classes dominantes. A expressão destes corpos políticos é múltipla e já não é uma questão física e material. Ela está latente nos discursos e na rotina online. É uma política orientada não só para ideias, mas também para identidades.

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micro // Polarizações

Vivemos num mundo polarizado, gerado pelas diferentes perspetivas sobre política, economia, identidades, práticas e crenças. A polarização é uma contra força em relação à pulverização de narrativas, de identidades e de perfis, gerando novos tipos de públicos: polarizados. A polarização vem de fora (do coletivo) para dentro (para o indivíduo) como a negação de algo. Não há meio termo nem lugar para os que não estão nos polos. Sublinhe-se a necessidade de escolher um lado claro, uma escolha imposta. Podemos ser “cancelados” de acordo com o lado escolhido. A desinformação, a falta de informação, a iniquidade, e o acesso fácil – muitas vezes anónimo ou impessoal – a plataformas sociais para a partilha de opiniões promovem esta violência que se ancora no antagonismo em relação ao outro.

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micro // Tribos Cool

No seio desta liquidez identitária de uma perene, mas agora em destaque, tensão entre uma matriz individual e comunitária, sai reforçada a discussão sobre a construção de estilos de vida associados aos interesses e traços identitários de cada um. Tal como nas décadas anteriores, eu pertenço a grupos e a tribos mas a forma como navego nos mesmos é cada vez mais líquida. Eu desenvolvo a minha interpretação das dinâmicas, representações, práticas e artefactos por trás de cada grupo e escolho aqueles que fazem sentido para mim, numa negociação constante com a tribo e com a minha própria voz. A minha identidade é um mosaico de associações, num guião que escrevo a cada dia, e com isto acabo por contribuir para a reinvenção dos próprios grupos a que pertenço.

(com base nos resultados das hipóteses 2 e 1)

Tendência Ligações Ergonómicas / Ergonomic Connections

macro // Ligações Ergonómicas

O acesso é a palavra chave desta mentalidade. Acesso melhorado, facilitado, imediato e nas melhores condições possíveis. Assim, o desenvolvimento tecnológico aposta em articular as funcionalidades e a natureza de soluções para os estilos de vida dos consumidores e utilizadores. Com diferentes aplicações queremos acesso a produtos que chegam à porta de casa o mais rapidamente possível – da comida a jogos de computador. O acesso a lazer – músicas, filmes, séries, entre outros – procura também uma curadoria à medida e que tenta encontrar as expressões, no momento, de desejo dos públicos. Tudo isto sem falar no acesso à informação e às pessoas. Queremos estar conectados sempre que necessário, com segurança, para sociabilizar, trabalhar, conversar e estudar. E quando não queremos, surge cada vez mais uma pressão para desconectar em determinados momentos sem sentimentos de culpa ou de medo. Para tal, as soluções tecnológicas precisam ser dinâmicas e versáteis. Os diferentes dispositivos promovem uma convergência entre funcionalidades, fisicalidades e estilos de vida, sublinhando a internet das coisas, muitas vezes com uma faceta de entretenimento ou até de gamificação. Assim, é cada vez mais clara a articulação entre estilos de vida, acesso facilitado/total e dispositivos que servem como extensão do corpo humano, sugerindo até uma naturalização do processo e o fim das fronteiras entre soluções das realidades física e digital. Um acesso desenhado para as necessidades e desejos de cada indivíduo e de cada comunidade ao nível dos diferentes espaços e momentos do quotidiano.

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micro // Detox Digital

Surge, cada vez mais, a consciência de que há um uso excessivo do domínio virtual e de dispositivos tecnológicos. O que, consequentemente, se traduz numa decadência da privacidade, devido à sobrepartilha de informação na internet e nas respetivas redes sociais, incluindo cedência de dados, etc. Porém, estar-se ciente da atenção dada ao domínio tecnológico fomenta comportamentos associados à fuga do virtual. Muitas das vezes, esse desejo apoia-se no uso de dispositivos que são fruto do próprio avanço tecnológico. É um paradoxo. Usam-se serviços e produtos criados pelo próprio desenvolvimento da tecnologia, com o objetivo de travar o uso excessivo de dispositivos criados por esse mesmo desenvolvimento tecnológico.
Também vemos um controlo das movimentações via telemóvel, o reconhecimento facial, a medição de temperatura como bilhete de acesso a espaços públicos e privados e a partilha de dados de saúde no geral. Tudo é ampliado numa epidemia de repercussão mundial que tende a modificar as noções de privacidade, de civilidade e de liberdade. Tem lugar um processo de ação e reação: O excesso de informação, a aceleração do tempo, o aumento da pressão, a redução das fronteiras, a polarização, e este controlo, entre outros fatores, geram a necessidade de uma desconexão e do cuidado com o corpo e a mente. Mas num mundo onde tudo é controlado, revisto e criticado; onde o dito e o não dito são escrutinados; e onde a falta de privacidade impera cada vez mais, importa problematizar a ideia de uma observação/escrutínio, a vigilância consentida.

(com base nos resultados das Hipóteses 3 e 5)

Tendência Sistemas Sustentáveis / Sustainable systems

macro // Sistemas Sustentáveis

A preocupação com a sustentabilidade surge a partir da constatação da finitude dos recursos naturais, o desperdício descontrolado, o consumismo e outros fatores que atuam como causas da degradação do meio ambiente. Estas questões são paradigmáticas do momento e o próprio contexto de pandemia levantou questões sobre resultados do confinamento e do desconfinamento. Contudo, em destaque surge o debate sobre a sustentabilidade do sistema socioeconómico. Este contexto colocou sobre a mesa os problemas críticos sobre a forma de trabalhar, de estudar e de fruir, pelo que surge um sentimento coletivo de urgência. Esta tendência pode ser observada em padrões ao nível do comportamento individual, na elaboração de legislação, na gestão, no design, na moda. Procuram-se inovações e soluções que permitam uma maior colaboração para que seja possível encontrar soluções sustentáveis para o desenho societal atual e para o modelo que conhecemos. Aqui os agentes são indivíduos, organizações e empresas que estão a adotar atitudes sustentáveis. Nas suas diversas naturezas, da ecológica à socioeconómica, não se trata de uma tendência tribal, mas sim de uma mudança de paradigma antes restrito a certos grupos e hoje amplamente debatido. A sustentabilidade é uma pauta central. Com mais informação a circular vemos uma crescente mutação nas atitudes e nos comportamentos. Mas a sustentabilidade não se restringe apenas a uma mudança na forma de produção e de consumo, visto que há lugares que trabalham a questão promovendo uma nova maneira de as pessoas se relacionarem com o contexto atual e com ambiente. A economia circular pode recuperar o seu impulso como uma alternativa importante para a sustentabilidade ao promover a reutilização, a restauração e a reciclagem de materiais.

(com base nos resultados da hipótese 4)

Tendência Redesenho dos Estilos de Vida / Lifestyle Redesign

macro // Redesenho de Estilos de Vida

Esta é uma macro tendência profundamente afetada pela pandemia e ainda em processo de mudanças visíveis. Perante o contexto dos últimos meses, todo um conjunto de práticas foram alteradas desde a forma de trabalhar, de estudar, de viver em família, já para não falar na questão do lazer. Sublinhou-se ainda mais a liquidez e o fim de fronteiras entre os processos físicos e digitais e a realidade virtual ganha um novo espaço no quotidiano como solução para um novo modo de vida. A própria noção de lazer, para além das plataformas digitais, sofre mudanças numa relação com o espaço físico onde o espaço público e exterior sai beneficiado, mas muito do lazer é transferido para a casa. Aliás, outra das grandes alterações tem lugar ao nível da habitação. Cozinhamos mais em casa, temos os nossos pequenos jardins caseiros, parte do desporto e exercício físico vem também para dentro de casa e a mesma passa a ser um espaço multifuncional. Há uma ressignificação do papel e da natureza da casa, impactando as relações sociais e os hábitos de afeto no geral. Existe uma grande mudança nas relações, um medo de abrir o espaço privado, e isto teve resultados rápidos que ainda não compreendemos na totalidade.
Tudo isto tem impacto ao nível do nosso bem-estar e privacidade. O controlo a organização e a disciplina pessoal são formas de lidar com uma falsa sensação de segurança. A pressão por um melhor desempenho no trabalho e a presença de ferramentas digitais de interação potenciam a ansiedade, a depressão, o medo pelo futuro e questões relacionadas com a saúde mental e física. Além disso, a discussão sobre a necessidade de abrir mão da privacidade em nome da saúde de todos voltou à ordem do dia e está entre as principais preocupações no momento. Diante de todo esse cenário, cresce a necessidade de encontrar estratégias que garantam bem-estar, principalmente no ambiente familiar. Além disso, há que procurar a confiança em atividades no mundo exterior.

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micro // Viver a Casa

Os acontecimentos disruptivos levam a mudanças de eixo e na forma como se vê e se vive no mundo. Com a pandemia da covid-19, muitos redescobriram a casa como um verdadeiro lar, outros tiveram de improvisar o local de trabalho dentro da própria casa. O facto é que o ambiente residencial está a sofrer ressignificações e transformações para que possamos viver mais e melhor dentro do espaço privado. As dinâmicas neste espaço mudaram radicalmente e onde os integrantes de uma mesma família tinham os seus próprios ambientes agora os espaços são ambivalentes e possuem diferentes propósitos.
Importa reforçar que esta tendência está relacionada com transformações no trabalho e na educação. Isto levará à diminuição de fluxos nos grandes centros, ao aumento do nomadismo digital, diminuição do trânsito, ofertas de trabalho e de estudo a nível global. Isto pode levar ao fim de certos espaços comerciais e empresariais e a uma nova visão sobre espaços digitais profissionais.

(com base na hipótese 5)

Eis o que descobrimos na forma de insights.

Social “Culture eats Strategy for Breakfast” (P. Drucker)

Fase 2 – Sistematização dos Dados e Resultados / Insights

// Insights da análise da Hipótese 1

» Observamos várias referências a um conjunto de acontecimentos marcantes do século XX, que sublinhamos como Grandes Narrativas. Ainda com um certo distanciamento temporal, elas são fatores de influência no modo de pensar do mundo ocidental contemporâneo devido ao forte impacto que tiveram na construção das identidades e na ordem global como um todo. Entre outros tópicos abordados com frequência, temos a polarização entre comunismo e capitalismo, guerras no Médio Oriente, e migrações e refugiados.

» Uma das formas de manifestação da necessidade de compartilhar vivências e experiências passadas é através da produção de filmes e séries biográficos, baseados em fatos e em adaptações de histórias clássicas que apostam em referências do imaginário comum para criar processos de identificação, reconstruir representações do passado ou ainda sanar uma certa curiosidade por realidades diferentes, valendo-se de um discurso de autenticidade e veracidade atribuídos pela ideia de “real”.

» Considerando um contexto de intensificação de fluxos simbólicos, económicos e dos próprios indivíduos pelo mundo, incluindo crises financeiras e políticas, a nostalgia é ressignificada enquanto mecanismo de fuga emocional, adquirindo outras camadas através da comercialização de objetos ou até mesmo vivências. Cria-se, então, um Mercado da Saudade, com a retomada de elementos culturais característicos no âmbito do mainstream, que passam por um processo de atualização e revalorização.

» A ideia de nostalgia associada a símbolos de um passado distante, grandes feitos remotos e modos de vida anacrónicos, é atualizada, distanciando-se de uma áurea analógica. Numa nova nostalgia – a nostalgia dos Millennials -, observamos a reprodução e valorização de obras audiovisuais das décadas de 80 e 90, para além de remakes e da referenciação desse conteúdo em outros produtos. Objetos que fizeram parte da infância dos adultos de hoje ganham versões atualizadas, como as máquinas fotográficas instantâneas ou consolas de jogo.

» Narrativas de diferentes momentos históricos, protagonizadas por diferentes grupos, compartilham os mesmos palcos, formando camadas de história que compõem o ambiente urbano. Assim, os espaços na cidade atuam de forma a reforçar ou suprimir memórias de determinados agrupamentos, criando e promovendo uma memória oficial em detrimento das demais.

» Apesar de observarmos a multiplicação de fontes de estórias e narrativas que geram o reconhecimento de diferentes matrizes identitárias, a família, devido ao papel que ocupa enquanto instituição pioneira na socialização dos indivíduos e na apresentação de visões e possibilidades de mundo, ainda possui um papel de destaque no processo de mediação de valores e realidades.

» Como um reflexo direto do impacto das grandes narrativas nas identidades coletivas, a nacionalidade e a ideologia política ainda figuram como fatores determinantes no reconhecimento identitário, seja através da afirmação ou, pelo contrário, num movimento de negação. Isto tem reflexo na polarização cultural do tecido social, expressa na composição multicultural das grandes cidades, com habitantes que assumem a sua condição de imigrante enquanto fator identitário, e no discurso reproduzido sobre o passado, especialmente no contexto posterior à Segunda Guerra Mundial.

» As Metrópoles são arquipélagos de realidades que se tangenciam no convívio urbano. Desse encontro, surgem disputas, também de viés identitário, movimentando um fluxo de afirmações e de contestações. Assim, a identidade das grandes cidades é marcada pela confluência e contato de várias culturas que resultam de vivências heterogêneas de um mesmo espaço.

» Num cenário de múltiplas identidades e agrupamentos/tribos cada vez mais específicos de consumidores, as marcas que procuram traçar uma ligação com o seu público para além do produto e/ou serviço material que oferecem acabam por se destacar. As expectativas giram em torno de posicionamentos relacionados com causas, propósitos e motivações, apontando para uma a personificação das marcas que passam a figurar no imaginário como entidades dotadas de opinião e deveres cívicos. Elas são julgadas a partir de diversas formas de manifestação pública, como campanhas publicitárias ou ainda parcerias com influenciadores e outros formatos de brand avatars. Este nível de ligação com o público exige posições claras sobre questões complexas – não ficar em cima do muro -, um recorte preciso para se dialogar com coerência por entre discursos/narrativas e as ações concretas.

» Temos um movimento de afirmação através da cultura, da arte e do entretenimento que traz visibilidade a grupos sociais tradicionalmente excluídos através da auto-representação, além de comunicaram realidades e necessidades de mudança a públicos que não teriam necessariamente um compromisso com estas causas.

» A otimização de tarefas quotidianas através da dinâmica de “gamificação” parece ser um processo em constante atualização e ainda distante de encontrar uma aplicação e/ou modelo ideal que prenda os usuários a longo prazo.

» Estabelecimentos comerciais, como lojas e restaurantes, ganham novas formas de atração, para além do serviço e produtos comercializados: a identidade como experiência. Através de uma promessa de vivência que amarra o ambiente, o produto e a imersão do público em determinado contexto, as narrativas identitárias são expostas e contextualizadas, provocando a sensação de pertencimento e de participação do público, que de ente passivo, se torna parte operante da estória proposta nesses lugares.

» O espaço urbano das grandes cidades e as suas atrações desligam-se do ambiente exclusivamente físico, ganhando dimensões virtuais a partir de conteúdos interativos que podem ser acedidos em qualquer lugar do mundo. Com a pandemia do Covid-19 e a disseminação em massa de opções de lazer digital, isto ficou ainda mais evidente.

» A procura do consumidor por vivenciar uma experiência memorável associada aos produtos que escolhe (além do bem material em si), pode ser desdobrada em duas matrizes diferentes: uma pautada pela inclusão do público em diferentes graus do processo de produção; outra que se vale da promessa de experiência e prestígio fornecida por marcas consolidadas e pelo seu capital simbólico. A primeira, diretamente associada a uma cultura maker e à sensação de proximidade e inclusão fornecida pelo pôr a mão na massa, ainda que de modo fugaz e contextualizado; a segunda, reflexo direto da identificação de valores e estatuto impressos nas marcas, em que o simples reconhecimento visual de um logotipo já carrega referências quanto a estilos de vida, identidades e aspirações.

» A memória coletiva serve de base para o desenvolvimento de narrativas acerca do passado e a sua construção no presente. Considerando o contexto da globalização, as memórias coletivas nacionais são questionadas, com uma crescente percepção de que se tratam de construções. Observamos, então, a maleabilidade identitária dos grupos e das comunidades, através do exercício de indagação sobre versões do passado e características identitárias apresentadas como rígidas e determinantes pelas estórias reproduzidas de geração em geração e exaltadas em monumentos, datas comemorativas e outras expressões simbólicas.

» Somando resultados de diversas etapas da pesquisa, constatamos que a nostalgia habita a mente coletiva: as pessoas consideram-se nostálgicas, reconhecem traços na cidade e observam uma orientação nesse sentido tanto em relação a comportamentos como produtos comercializados. Disto, observamos uma divisão entre o que realmente está ancorado numa existência passada (vintage) e o que simula essa bagagem histórica (retro). No ambiente urbano, diversos estabelecimentos valem-se da memória coletiva e do sentimento de nostalgia para posicionarem-se como tradicionais, criando narrativas que atendam a essa vontade de ligação com o passado.

» A procura por um consumo mediático mais ativo, característico da Era Digital, e por opções imersivas de entretenimento ainda encontram limites em termos de produções audiovisuais. Os conteúdos interativos para cinema e televisão que se valem de um conceito híbrido entre jogo e o formato audiovisual convencional enfrentam barreiras em termos tecnológicos, narrativos e de próprio interesse do público, que não ainda está familiarizado com um “meio termo” entre esses dois campos. Assim, vemos um campo em desenvolvimento ainda incipiente, mas com potencial de desenvolvimento futuro.

» Através de amplos catálogos, plataformas de SVOD como Netflix, Hulu e Amazon Prime Video, agregam públicos com os mais distintos perfis. Tal qual o papel centralizador da televisão analógica nas décadas de 60 e 70 enquanto atividade familiar e eletrodoméstico de destaque na sala de estar, a nova televisão também atua pela premissa de centralização, desta vez ligada às plataformas de acesso, e não mais o aparelho em si, e ao consumo do mesmo tipo de conteúdos. Trata-se de um apanhado de nichos servidos de forma conjunta, respondendo à transformação do audiovisual enquanto meio de comunicação massivo para uma formação heterogénea de tribos que recorrem ao mesmo meio para aceder a conteúdos diferentes.

» Entre as muitas práticas sociais afetadas pelo contexto do Covid-19, a rotina de trabalho e a vivência do espaço urbano sofreram grandes modificações. O home office instaurou-se como medida de proteção à saúde e viabilização da manutenção dos postos de trabalho; a circulação pela cidade mantém-se dentro de restrições e muitos dos espaços de convívio terão de ser repensados, inclusive após a pandemia. Nesse contexto, a questão do direito à cidade; o acesso a opções de lazer para populações vulneráveis, bem como ao próprio trabalho; e as condições de infraestrutura fora das áreas centrais afetam as dinâmicas sociais e podem impulsionar desigualdades já existentes.

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// Insights da análise da Hipótese 2

» Mesmo que num estado ainda emergente, as possibilidades do uso de novas tecnologias para a expansão das capacidades do ser humano aumentam em número. É um movimento que já existe há alguns anos e está num processo de consolidação.

» A temática do transhumanismo não é nova, porém ainda aparece muito relacionada com as novas tecnologias, por vezes com um certo ar de ficção científica, apesar da existência de um movimento e de especialistas que chancelam suas teorias. Diversas tecnologias e experiências recentes indicam que a expansão do corpo humana e a sua articulação com a máquina ou os aprimoramentos genéticos serão possíveis num futuro não tão distante.

» As questões identitárias figuram como temática pioneira, presente em mais de metade dos formatos e géneros dos conteúdos audiovisuais analisados para a hipótese, sejam eles ficção ou documentários. As produções sobre esta temáticas fazem-se necessárias em resposta à busca de autoconhecimento e representatividade.

» 18,6 % dos respondentes dizem não se encaixar nas denominações de auto-expressão de orientação sexual mais tradicionais.

» No que diz respeito a tópicos essenciais­­­­­ a serem discutidos nos próximos cinco anos aparecem os temas igualdade, discriminação, política, autoridades e diversidade. Os temas género, identidade, diversidade, igualdade e representatividade (palavras naturalmente associadas) estão muitas vezes ligadas a expressões como discriminação e intolerância.

» A discriminação é entendida como algo muito presente, de forma estrutural e enraizada, mantida pelos grupos que possuem o poder, que tem medo de o perder, e que mesmo com toda a luta é muito difícil ser combatida.

» A desconfiança articula-se, na maior parte das associações, com tecnologia e autoridade. As redes sociais aparecem como a estrutura de menor confiança, seguidas pelos governos municipal e nacional.

» Há também um entendimento de valorização de autoridades genuínas, não políticas, mas que tenham estudado, sejam especialistas e tenham capacitação para falar de um determinado assunto, o que em tempos de debates virtuais é cada vez mais importante.

» As redes sociais e notícias associadas aparecem como meios e conteúdos menos confiáveis no contexto da pandemia. Em contrapartida, essa desconfiança tem feito com que as pessoas evitem acreditar em notícias falsas, confirmando fontes e a veracidade dos fatos.

» Entende-se a desconfiança, em muitos casos, como uma ferramenta de proteção contra as opressões sofridas, que são sentidas de forma muito forte, até mesmo contra a própria vida. A raiva também é referida, principalmente relacionada com a política e as autoridades.

» A política também é vista de forma mais ampla e como ferramenta de transformação. Os nossos corpos também são políticos e tudo o que produzimos tem, ou pode ter, um posicionamento político.

» No âmbito do conceito de género vemos a possibilidade de ampliação do mesmo dentro das próprias categorias tradicionais, bem como a liberdade para se expressar da forma que preferir.

» A igualdade surge como um conceito de aceitação da diferença. Uma palavra que pode se articular com este conceito é equidade, o entendimento dessas diferenças e desigualdades presentes na sociedade para que as pessoas sejam tratadas de forma mais proporcional e justa.

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// Insights da análise da Hipótese 3

» Como resposta à tão fácil e intensa ligação à tecnologia e à internet surgem contra-movimentos. Este tem como foco ideias, projetos e objectos cujo objectivo é restringir e limitar o uso excessivo e o acesso à ao virtual e à tecnologia.

» É notável a existência de vários sinais e serviços relacionados com o bem-estar do indivíduo e com o seu respetivo conforto. Isto através de serviços que facilitam a vida no que toca à poupança de tempo e ao conforto, embora também facilitem o isolamento. Exemplos disso são as transferências bancárias e a encomenda de comida para casa através de aplicações.

» Possibilitam-se novas experiências que focam-se, cada vez mais, na automatização e no conforto humano.

» Durante épocas difíceis, como o atual contexto de pandemia, evidenciam-se comportamentos, serviços e práticas no que toca à solidariedade e à compaixão. Sublinhou-se o acesso e a disponibilização de serviços, muitos deles gratuitos, potenciados por redes e ferramentas tecnológicas durante a época de isolamento.

» Estão em emergência vários produtos e novos serviços que facilitam a interação, a mobilidade e a personalização.

» É evidente a queda das fronteiras, outrora existentes, entre o mundo físico e o mundo virtual. Agora, mais do que nunca, o virtual assume uma importância vital para que o físico possa continuar a decorrer com normalidade. Desenrolando-se daqui uma espécie de devir entre mundo físico e virtual, não sendo, por isso, mais possível separá-los.

» A tecnologia e a inovação também geraram uma nova forma de arte – Arte dos novos media. Os indivíduos desejam um tipo de imersão artística mais interativa, de modo a possuir uma experiência mais personalizada e única.

» Os comportamentos, sinais, práticas e serviços relacionados com estes tópicos não surgiram apenas em uma indústria ou em uma área, mas sim nos diversos aspetos da vida, por exemplo, na indústria do turismo, na educação, na medicina, no entretenimento, entre outros.

» São tidas em atenção as novas formas de tecnologia e inovação no trabalho e na formação empresarial, de modo a facilitar a comunicação empresarial e o seu desenvolvimento a longo prazo.

» O público geral aparenta estar alerta e ciente do impacto das novas tecnologias. Consideram que as suas grandes vantagens são, por exemplo, a disponibilidade e um fácil acesso à informação, a eficácia e rapidez na comunicação, a acessibilidade a serviços inovadores e personalizados, progresso na área da medicina e mais fontes de lazer e entretenimento. Porém, o público não ignora as suas possíveis desvantagens como, por exemplo, o afastamento do contacto físico entre as pessoas, o vício nas novas tecnologias e nos respetivos dispositivos, o sedentarismo e a substituição de pessoas, em postos de trabalho, por robots.

// Insights da análise da Hipótese 4

» A sustentabilidade amplifica-se, abrangendo cada vez mais indivíduos. As atitudes com baixo impacto ambiental são cada vez mais expressivas e visíveis.

» Trazer as práticas de sustentabilidade para o quotidiano tem sido uma constante, visto que a questão deve ser tratada como uma forma de promover o bem-estar. Desconsiderar a sustentabilidade é cada vez mais inaceitável.

» Deixando de estar restrita ao campo da ecologia, a palavra sustentabilidade passa a ter um novo significado, referindo-se a formas de manter empreendimentos durante a pandemia.

» Adotar a economia circular é uma forma de promover um novo modelo econômico que promova o uso sustentável dos recursos e consiga diminuir o desperdício, de forma a conseguir a melhor partilha e ressignificação de produtos.

» A sustentabilidade faz as pessoas procurarem experiências e produtos que as façam se sentir conectadas a um bem maior, de forma a se colocarem como parte de uma rede de ligações, onde as suas ações têm um impacto.

» Dando mais atenção à natureza, podemos ser inspirados a criar produtos mais inteligentes e sustentáveis. A criatividade e a sustentabilidade podem unir-se através da ressignificação de materiais e objetos que seriam descartados.

» As empresas podem ser inovadoras sem abrir mão da sustentabilidade, procurando uma organização voltada para a diminuição da produção de resíduos.

» As ações comunitárias são capazes de reforçar a união entre as pessoas por meio do desenvolvimento de ações sustentáveis na cidade. Aliás, a ampliação dos espaços verdes no ambiente urbano pode proporcionar, por meio do contato com a natureza, um maior bem-estar aos seus moradores.

» As pessoas procuram atividades e lugares que proporcionem experiências naturais e ecológicas como forma de fugir ao stress e poluição das grandes cidades.

» A reciclagem como forma de ressignificar materiais pode ser utilizada por empresas para fabricar novos produtos.

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// Insights da análise da Hipótese 5

» O ser humano vive uma luta constante para atingir o bem-estar físico e emocional. Equilibrar esses dois pontos sensíveis é algo de difícil equação. O volume e o ritmo laboral (rotina produtiva) somados à transformação contínua nas formas de interação social (cada vez mais digital) exercem uma influência relevante nesse desequilíbrio.

» Em muitas situações, a busca pelo autoconhecimento e autocuidado está associada à nostalgia. Nesses casos, retornar a locais e situações do passado traz um sentimento de bem-estar e de satisfação.

» A imprensa, de maneira geral, reserva um espaço relevante para notícias sobre saúde mental, principalmente aquelas provocadas e/ou reforçadas pela pressão laboral, ritmo de vida e ambiente digital. Também há vasto material sobre atividades de busca pelo autocuidado. Aqui verificamos como a atual pandemia monopoliza atenções e comportamentos. Diariamente se dedica um elevado número de tempo com as estatísticas relacionadas com a doença, a nível nacional e internacional.

» A TV e o cinema, principalmente nos últimos anos, têm abordado com mais frequência estórias relacionadas com a procura pelo bem-estar físico e emocional. Também há uma quantidade considerável de narrativas relacionadas com os efeitos da presença e exposição digital massiva no quotidiano.

» No período de pandemia, em Portugal, o confinamento não foi sentido de maneira tão dura como em outros países porque muitos portugueses aderiram ao isolamento social por iniciativa própria. O maior choque não foi a obrigação do confinamento, mas o desmantelamento da antiga rotina e a incerteza sobre como será a nova rotina pós-pandemia e que mudanças isso ocasionará.

» Pelo fato de já estarem familiarizados com alternativas digitais de interação, os indivíduos adaptaram-se à imposição das mesmas como forma privilegiada de comunicação com o mundo exterior. No entanto, o excesso de tecnologia promove o stress entre as pessoas.

» Os indivíduos tendem, mesmo após a pandemia e o confinamento, a ficar mais tempo em casa (por receio de uma segunda vaga de infecções). Por esse motivo, as casas estão a tornar-se espaços mais aconchegantes e também mais funcionais para a prática do teletrabalho. Mais plantas, mais espaços para lazer e relaxamento.

» Antes da pandemia, as pessoas já se sentiam mentalmente cansadas e pressionadas por resultados. Após o início do confinamento, elas continuam cansadas e sentem-se mais pressionadas. Além disso, estão cada vez mais reféns do ambiente digital para a realização das mais variadas tarefas.

» A privacidade (principalmente digital) já era motivo de preocupação antes do início da pandemia, e consequente isolamento/distanciamento social. No entanto, essa preocupação foi relativizada com a necessidade de rastreamento da população para contenção da disseminação do vírus. Isso reacendeu o debate sobre o tema e pode resultar na flexibilização das normas sobre preservação de dados.

» As intervenções artísticas podem ajudar a melhorar a saúde e o bem-estar, contribuindo para a prevenção de problemas mentais e físicos.

» Instituições de saúde e governos tendem a investir em prevenção para evitar surtos virais futuros e/ou dar uma resposta mais rápida a situações de disseminação de doenças; Isso inclui monitorar a saúde tanto da população local quanto das pessoas que realizam deslocamentos (turistas, por exemplo).

» O comportamento preventivo deverá ser seguido pela população. Por isso, é previsível que tenham lugar maiores cuidados higiênicos, investimento em saúde preventiva e equipamentos de monitoramento individual da saúde.

Fase 1 – Desk Research

Resultados do Grupo 1/2020

» Identidade

Para encontrarmos uma definição de identidade recorremos ao teórico cultural Stuart Hall que afirma que “Cultural identities come from somewhere, have histories. But, like everything which is historical, they undergo constant transformation. Far from being eternally fixed in some essentialized past, they are subject to the continuous “play” of history, culture and power. Far from being grounded in a mere “recovery” of the past, which is waiting to be found, and which when found, will secure our sense of ourselves into eternity, identities are the names we give to the different ways we are positioned by, and position ourselves within, the narratives of the past” (HALL, 1994). Ao apresentar três conceitos de sujeito que foram sendo modificados ao longo do tempo (Iluminismo, sociológico e pós-moderno), Hall considera que esse terceiro é o predominante na sociedade contemporânea – uma versão fragmentada do sujeito e que, ao contrário das outras, deixa de enxergar a identidade como permanente e passa a considerá-la como definida histórica e não biologicamente (HALL, 2005, p. 10-17).

Hall enxerga a globalização como uma possibilidade de “levar a um fortalecimento de identidades locais ou à produção de novas identidades.” (HALL, 2005, p. 84).

Fonte: Google Trends <https://trends.google.com.br/trends/explore?q=identity> Acesso em: 01 mar 2020.

Fonte: Google Trends <https://trends.google.com.br/trends/explore?q=identity> Acesso em: 06 mai 2020.

No início deste trabalho desenvolvemos uma pesquisa no Google Trends com o objetivo de dimensionar o interesse do público geral nos assuntos relacionados à hipótese. Em março de 2020, notamos que há uma linearidade na busca pela palavra “identidade” na internet, no período de 12 meses, mesmo com pequenos altos e baixos. Em maio do mesmo ano, realizamos novamente a pesquisa, e é possível perceber que a linearidade contínua – embora esteja em queda.

De acordo com “Proudly Local, Going Global”, um dos artigos que faz parte de uma série que destaca o relatório das dez principais tendências mundiais do consumidor em 2020, o orgulho e o poder na cultura local se tornarão mais definidos e relevantes em 2020. Segundo o artigo, a tendência “Proudly Local” captura o desejo do consumidor de adotar e apelar para um senso de individualidade e identidade nacional crescente a partir da inspiração local (EUROMONITOR, 2020).

No artigo “How to Prepare for the 2020 Consumer”, os estudiosos apontam que há uma preferência crescente por produtos e marcas locais, vistos como mais autênticos e representando melhor a individualidade. Ainda segundo o mesmo artigo, marcas de nicho iniciam sua rota global para o sucesso acentuando suas credenciais locais. Ao mesmo tempo, as multinacionais estão se tornando mais sofisticadas na modelagem de seus produtos para gostos e preferências locais, sem perder sua identidade de marca principal. Sendo assim, as marcas precisarão considerar os gostos e preferências locais e adaptar seus produtos e serviços de acordo. Sintonizando-se com a tendência Proudly Local, Going Global é uma estratégia de negócios atraente para conquistar e reter a lealdade do consumidor (EUROMONITOR, 2020).

» Experiências

De acordo com a perspectiva de Walter Benjamin, a experiência encontra-se ligada com o conceito de corpo, técnica e vivência. As áreas urbanas, a modernidade e a nova temporalidade efêmera, veloz e de consumo momentâneo vão ao encontro de uma nova percepção de sentidos, a uma nova sensibilidade, que é traduzida na construção de novos espaços empresariais e lúdicos que facilitam a mobilidade na cidade moderna (BENJAMIN, 1995). A cidade educa os sentidos e a sua percepção cria uma memória que sobrevive ao choque e à velocidade da vida moderna. A forma de comunicação da experiência é a narrativa, transmitida através de representações artísticas (cinema) e literárias (romance, jornal – com maior rapidez, comunicação a longa distância). Destaca a narrativa oral que entra em declínio na vida moderna (BENJAMIN, 1995).

Benjamin considera que a experiência é um processo complexo que exige um tempo longo de reflexão, que, de forma alguma, é compatível com o carácter quantitativo e qualitativo do tempo veloz da era moderna e da sua produção massificada. O ritmo da experiência e da narrativa é um trabalho artesanal, manual, anterior ao surgimento do capitalismo e do modo de vida moderno. As transformações sociais da vida moderna e o ritmo veloz quotidiano da metrópole, muito devido ao desenvolvimento tecnológico, contribuíram para o empobrecimento da memória, afectando a percepção sensorial. Desta forma, o conceito de experiência dá lugar ao conceito de vivência (BENJAMIN, 1991).


Fonte:
Google Trends <https://trends.google.com.br/trends/explore?q=experience> Acesso em: 03 mar 2020.

Fonte: Google Trends <https://trends.google.com.br/trends/explore?q=experience> Acesso em: 06 mai 2020.

A pesquisa no Google Trends do termo “Experience”, diferente de identidades, evidencia uma queda considerável no interesse do público – o início do declínio do gráfico foi no começo de março, mas obteve o ponto mais baixo na segunda metade desse mês. O contexto desse período é marcado pelo início do distanciamento social, por causa da covid-19, em diversos países ocidentais, o que pode ser um dos motivos pelos quais o interesse em experiências tenha decaído.

» Narrativas

Segundo Jane Stadler, pesquisadora da comunicação, as narrativas oferecem um meio de compreensão e análise da própria vida do indivíduo, e uma forma de conectar-se com as vidas dos outros. Segundo a autora, estruturas instigantes e atípicas de narrativas aumentam a relação entre narrativa e identidade, além de evidenciar as limitações de narrativas com estruturas formuladas. A autora também realça a relação entre biografia e identidade pessoal (STADLER, 2008, p. 5). Stadler também reflete acerca do cinema, afirmando que, nesse contexto, o entretenimento não é restrito ao prazer de se associar e compreender a história de outras pessoas, mas inclui, também, os prazeres visuais do voyeurismo – que envolvem assistir aos corpos celestiais de estrelas do cinema interpretando papéis românticos e heróicos (STADLER, 2008, p. 57). Segundo Singer, o fenômeno do cinema como uma instituição social afirma e apoia o prazer de assistir ao providenciar um contexto que facilita o cultivo dessas possibilidades, legitimando-as ao reconhecer a necessidade desse tipo de espaço e, também, criando-o (SINGER apud STADLER, 1990, p. 43). A relevância da narrativa cinematográfica é expressa por Stadler, que afirma que ela é um “meio de comunicação visual com a habilidade de evocar e representar o material de forma cativante e realista (apesar de entendermos que seja apenas uma representação), o filme é uma forma de narrativa com qualidades de expressão e impacto que difere de qualquer outra” (STADLER, 1990, p. 39). A autora ainda afirma que outros meios de comunicação não são capazes de articular a experiência humana com a mesma precisão, impacto ou ênfase como um filme consegue. A autora acrescenta: “Narrative film is a medium in which the stories of human lives and the cultural contexts in which they are situated are inscribed in a way that can foster understanding of people, issues, and circumstances the viewer might not otherwise consider” (STADLER, 1990, p. 39-40).

Walter Benjamin aborda a narrativa em um contexto mais amplo, afirmando que, na modernidade, a individualização da narrativa substitui as formas coletivas de narrativas orais pré-modernas. O autor também reflete acerca da relação entre experiência e memória, e afirma que ela é o motivo do colapso da narrativa (BENJAMIN, 1936, p. 440).

» Nostalgia

De acordo com Holbrook e Schindler, pesquisadores de consumo, “a nostalgia é uma emoção pessoal e é considerada uma atitude positiva ou preferência em relação a objetos, pessoas, lugares ou coisas” (HOLBROOK E SCHINDLER, 1991).

Já no âmbito dos estudos da memória e da cultura, Stauth e Turner afirmam que “a nostalgia constitui tanto uma forma de conhecer o mundo – ou melhor, uma forma de conhecer mundos – e um discurso sobre o conhecimento. Como um discurso sobre o conhecimento, a nostalgia tem sido associada tanto com a melancolia quando com uma resposta conservadora às incertezas da modernidade” (STAUTH E TURNER apud RADSTONE, 2010, p. 188).

Em relação ao modo como a nostalgia opera no indivíduo, Radstone afirma que ela “costura, juntos, o subjetivo e o objetivo, o psíquico e o social. Na nostalgia, afeto e significado são unidos e conhecimento e crença falam a língua do tempo” (RADSTONE, 2010, p. 189). De acordo com os estudos de Sedikides et. al. (2016), ser nostálgico não é estar preso ao passado – e que, na verdade, sentir-se assim aumenta a vitalidade e deixa o indivíduo mais preparado para lidar com o presente e com o futuro. Segundo os resultados da pesquisa, voluntários que participaram do teste relataram sentimentos de “autocontinuidade”- o que, para os pesquisadores, significa que ao olharmos para o passado, temos uma melhor compreensão de quem somos. Por isso, relembrar temos melhores cria sensações positivas, que ajudam a romper o aspecto negativo da solidão.

A pesquisa de Autio (2013), desenvolvida pela Wageningen University, observou que muitos consumidores da Finlândia consideram a comida local uma escolha mais sustentável do que a comida convencional, pois ao consumirem os alimentos produzidos no próprio país, eles apoiam a economia local e contribuem para o crescimento das comunidades. Além de apreciarem o melhor sabor da comida local por ser mais saudável e saborosa, eles consideraram itens produzidos, processados por eles ou que eles mesmos caçaram ou pescaram, como sendo a comida local mais autêntica, pois esta ideia está associada à produção caseira e artesanal. O objetivo da pesquisa foi observar como a nostalgia está associada à produção de comida local, especificamente como isto justifica certas compras. Foi analisado também como sentimentos nostálgicos são manifestos por estímulos sensoriais, como, por exemplo, a forma que a comida é exibida e exposta. Como conclusão deste estudo, os entrevistados relataram que a comida local era considerada ‘comida de verdade’ e desejaram voltar ao passado, no qual a percepção da comida era simples e saborosa e não algo arriscado para o corpo e a saúde.

Fonte: Google Trends <https://trends.google.com.br/trends/explore?q=nostalgia> Acesso em: 03 mar 2020.

Fonte: Google Trends <https://trends.google.com.br/trends/explore?q=nostalgia> Acesso em: 06 mai 2020.

Em relação à procura do termo “Nostalgia”, é possível observar uma certa linearidade na primeira pesquisa – enquanto na segunda, mais tardia, nota-se um pico consideravelmente alto e repentino nas buscas, que ocorreu entre os dias 22 e 28 de abril. De acordo com os gráficos da plataforma, esse pico coincidiu com o lançamento de um álbum de músicas pop da cantora Dua Lipa, com o título “Future Nostalgia”, o que justifica o aumento das buscas nesse período de tempo.

» Memória coletiva

Pierre Nora, um dos principais teóricos dos estudos de memória, ressalta a necessidade da vivência da memória coletiva: “Quanto menos a memória é vivida colectivamente, mais ela tem necessidade de homens particulares que fazem a si mesmos homens-memória. É como uma voz interior que dissesse aos Corsos: ‘Tu deves ser Corso’ e aos Bretãos: ‘É preciso ser Bretão!’ ” (NORA, 2016, p. 62). De acordo com Assmann, a memória social não pode ser distinguida da individual, já que uma faz parte da outra. “É por esta razão que é difícil, ou mesmo impossível, distinguir entre uma memória ‘individual’ e uma memória ‘social’. A memória individual é sempre social num nível mais elevado, tal como o são, em geral, a língua e a consciência” (ASSMANN, 2016, p. 89).

Articulações: A pesquisa de temas relacionados à hipótese (Identities + Experiences + Nostalgia) em diversas fontes , como livros, revistas, jornais e artigos científicos, nos mostrou que os assuntos em questão são amplamente abordados em diversos nichos. Essa recolha de materiais nos levou a perceber que a Identidade, enquanto tema de pesquisa cultural, é vista como mutável e em constante transformação. Em relação às Experiências, notou-se que a vida urbana trouxe questionamentos e alterações para a forma como elas são vivenciadas – e que questões sensoriais e corporais possuem grande impacto nesse aspecto. A nostalgia, por sua vez, aparece como um mecanismo de resposta às incertezas da modernidade – em que o passado é visto como positivo e a memória funciona como válvula de escape. A Globalização é vista como determinante nesses três aspectos – as identidades passam a ser mais fluidas com a velocidade da transformação, as experiências físicas tornam-se mais valorizadas após o avanço tecnológico e a compressão do espaço leva à nostalgia, que busca raízes nas origens e no passado. Em relação às narrativas, foi possível compreender que elas são uma forma de compreensão da própria vida e de conectar-se aos outros. As transformações em questões formais – passagem do oral para o escrito e, mais recentemente, para o audiovisual – nos levou a entender o cinema como uma fonte expressiva de narrativas para a hipótese, por reforçar a relação com as identidades.

Referências e Fontes:

ASSMANN, Jan. O que é a “Memória Cultural”?. In: ALVES, Fernanda Mota; SOARES, Luísa Afonso; RODRIGUES, Cristiana Vasconcelos (org.). 2016. Estudos de Memória. Teoria e Análise Cultural. 1. ed. Famalicão: Edições Húmus, p. 87-116.

AUTIO, M., Collins, R., Wahlen, S., & Anttila, M. 2013. Consuming nostalgia? The appreciation of authenticity in local food production. International Journal of Consumer Studies, 37(5), 564-568. https://doi.org/10.1111/ijcs.12029

BASSANI, Jaison José; RICHTER, Ana Cristina; FERNANDEZ VAZ, Alexandre. 2013. Corpo, educação, experiência: modernidade e técnica em Walter Benjamin. Educação, vol. 36, núm. 1, enero-abril, 2013, pp. 77-87 Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, Brasil.

BENJAMIN, Walter. 1936. ‘Der Erzähler’, GS II.2.

BENJAMIN, Walter. 1991. Obras escolhidas I: magia e técnica, arte e política. 4. ed. São Paulo: Brasiliense.

BENJAMIN, Walter. 1991. Obras escolhidas III: Charles Baudelaire um lírico no auge do capitalismo. 2. ed. São Paulo: Brasiliense.

EUROMONITOR, 2020. Proudly Local, Going Global. <https://blog.euromonitor.com/proudly-local-going-global/> acesso em: 01 mar 2020.

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Resultados do Grupo 2/2020

Durante esta fase da pesquisa, foi possível perceber que o que permeia como cerne da hipótese é a questão das identidades e suas diferentes e novas formas de expressão. Além disso, a busca por igualdade de uma forma ampla, em seus diferentes campos, seja de gênero, racial ou de qualquer outro grupo que de alguma forma esteja à margem da sociedade também é um componente forte.

Considerando as questões identitárias, buscamos definições de identidades e de gênero em órgãos como a OMS (Organização Mundial da Saúde) e APA (American Psychological Association) no qual nos deparamos com termos como gender norms, gender parity e gender dynamics; que mostraram-se ser termos presentes em alguns artigos do Fórum Econômico Mundial (FEM); relatórios de diversidade da Apple, Facebook e Google. A grande maioria dos artigos e textos dessa temática apresentam como conteúdo discussões relacionadas à igualdade de gênero no mercado de trabalho, representatividade e dinâmicas de gêneros. O aspecto que mais chama a atenção nos relatórios de diversidade analisados vem da Google, que no último ano levantou o primeiro senso de identificação não binária. Dos 39% dos funcionários que quiseram ser identificados 1% se auto identificam não binários e 8,5% LGBQ+ e/ou Trans (Parker, 2019). Sobre ações de inclusão sobre a temática seguem: LGBTQ+ frameworks; social discrimination and LGBTQ+; National legislation and LGBTQ+ rights; LGBTQ+ workplace inclusion; mental health and LGBTQ+ inclusion; economic impact of LGBTQ+ exclusion (FEM, 2020).

Em outras fontes como os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (SDG – Sustainable Development Goals) das Nações Unidas, Fórum Econômico Mundial, mais uma vez, Forbes e McKinsey & Co, encontramos questões em torno da igualdade de gênero; discriminação; características comportamentais e discriminação zero; identidade e identidade digital.

O Fórum Econômico Mundial (2020) apresenta em seu relatório Gender Gap uma imagem mista, dizendo que no geral (e considerando o benchmark de 153 países listados), a busca pela paridade de gênero melhorou, diminuindo menos de um século e registrando uma melhoria se comparada com índices de 2018. Uma maior representação política para as mulheres contribuiu para esse resultado, mesmo sendo a dimensão de pior desempenho. No outro extremo da escala, prevê-se levar apenas doze anos para atingir a paridade de gênero na educação. O relatório ainda aponta três razões principais para disparidade de gênero: as mulheres terem maior representação nas funções que estão sendo automatizadas; não haver mulheres suficientes ingressando em profissões que envolvam o uso de tecnologia, e as mulheres enfrentam o eterno problema de baixa assistência e acesso a capital. Os pontos principais observados em relação à igualdade de gênero são: gender norms and roles; balance of care and careers; the case of gender parity; gender dynamics and future jobs; inclusive work practices; education gender gaps. (FEM, 2020).

Uma das vertentes das novas expressões identitárias que já não cabem nos códigos hoje existentes, é o uso de tecnologias para o aprimoramento do corpo humano, que pode se manifestar de diferentes formas: enhanced longevity; humanness and autonomy; equity and social justice; enhanced genes, bodies and minds; como mostra o Fórum Econômico Mundial (2020).
Um dos movimentos que mais abrange estas práticas é o transhumanismo, termo que começou a ganhar notoriedade em 1990, após sua criação formal por Max More, CEO da empresa Alcor Life Extesion, que o define como uma crença otimista no aprimoramento da condição humana através da tecnologia em todas as suas formas (Trippet, 2018). Atualmente há diversos especialistas sobre o assunto como Hans Moravec, Raymond Kurzeil, Andy Schwartz e até mesmo o historiador Yuval Noah Harari, que em seu recente livro, Homo Deus, sugere que nossa habilidade para nos aprimorar através de tecnologias e bioengenharia já iniciou uma nova era na história humana (Knight, 2019).

O implante de microchips já é uma realidade. Na Suécia, em 2018 mais de 3 mil pessoas já possuíam implantes com a tecnologia RFID (Stephen, 2018), os possibilitando realizar simples ações como abrir uma porta, bloqueio do metrô ou fazer algum tipo de pagamento. São diversas as empresas que se especializaram neste tipo de cirurgia, como a Cyborg Foundation, que possui o programa chamado Transpecies Society, uma comunidade para pessoas que se identificam como não humanos (SVD), ou a Jenova Rain que realiza biohacking upgrades, usando tecnologia para permitir que o corpo humano realize novas ações (Nye, 2018). O fundador da Tesla e SpaceX, Elon Musk, também anunciou sua nova empresa Neuralink, que tem como objetivo conectar a mente humana a uma nuvem de computadores, criando micro chips que serão implantados ao cérebro (Singularity University, p.15).

Grupo que também compartilha da mesma filosofia, os Biohackers são biólogos amadores que realizam experimentos em biomedicina, porém fora de instituições tradicionais, trazendo melhoramentos através da utilização de implantes ou até mesmo medicamentos ou suplementos que de alguma forma os aprimore (Nye, 2018). São diversos os exemplos de pessoas adeptas a esta prática, como o profissional de software Tim Cannon, o artista Moom Ribas que possui um sensor sísmico implantado que o permite sentir vibrações de terremotos ou Neil Harbisson que impossibilitado de enxergar cores, tem em seu crânio um dispositivo que o possibilita sentir as cores através de vibrações (Klaiman, 2019).

Ainda neste sentido, o desenvolvimento de novas tecnologias genéticas como o CRISPR, que é capaz de editar genes com custo muito mais baixo que antigas tecnologias, possibilitando o combate de doenças e também alterando características de um bebê antes mesmo de seu nascimento (Page, 2019) , parece serem promissoras nesta evolução do ser humano.

Podemos observar também que o tribalismo pós-moderno é a tensão fundadora que caracteriza a socialidade contemporânea, uma espécie de “nebulosa” de pequenas entidades locais ou microgrupos. É a reunião em grupos de afinidade dialogando com diferentes etnias, gêneros e as mais variadas condutas e estilos de vida (Souza, 2016). Com a reduzida ou inexistente representatividade de minorias que ainda permanece, vem também a falta de visibilidade das necessidade e direitos destes grupos que têm por vezes estereótipos discriminatórios ratificados pela mídia, como por exemplo o que acontece com os negros, normalmente aparecendo como trabalhadores braçais, atletas ou mulatas sensualizadas. Segundo estudo, realizado pela agência Heads, em parceria com a ONU Mulheres, mulheres negras aparecem como protagonistas em apenas 7,4% dos comerciais de televisão no Brasil (Estarque, 2019).

Outra questão é relativa ao universo infantil. As crianças não se sentem representadas nos brinquedos com que brincam, especificamente, as negras. Existe uma escassez de bonecas da sua etnia. Essa carência é prejudicial, uma vez que a dimensão formativa da brincadeira lida com aspectos da realidade social em que a criança está inserida (Moreira, 2018).

Ainda foi possível constatar um desencanto com a política, grande desconfiança acerca de boas ações praticadas por empresas e sobre a transparência dos sites no tratamento dos dados pessoais. Uma pesquisa realizada nos Estados Unidos, Canadá, Japão, Austrália, França e Reino Unido pela IPSOS Mori a pedido da Internet Society and Consumers International mostra que 65% dos consumidores se preocupam com a forma como aparelhos conectados coletam dados. Mais da metade (55%) não confia em seus aparelhos conectados quando o assunto é privacidade (Santillana, 2019).

A pesquisa de 2017 realizada por Edelman Trust Barometer em 28 países constatou que a população em geral não confia nestas quatro instituições, sendo que a média de confiança nestas instituições combinadas está abaixo de 50% (Harrington, 2017).

Por fim, através da análise de conteúdo da desk research, advinda dos temas relacionados às palavras da hipótese: aceitação; polarização; crise; autenticidade; e no-gender; seguimos com as palavras-chave:identidade; diversidade; igualdade; discriminação; representatividade; política; tribalismo; autoridades; intolerância; população; desconfiança; humano; transhumanismo; tecnologia; robô, cyborg; corpo; CRISPR; futuro. Essas palavras-chave, ou tags, servirão como direcionadoras de pesquisa de sinais e padrões cool. As palavras são consideradas importantes neste trabalho dada a abrangência da hipótese em estudo.

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Resultados do Grupo 3/2020

Indivíduos com 16 e mais anos que utilizam computador e Internet em % do total de indivíduos: por nível de escolaridade mais elevado completo (dados de 2019):

Agregados domésticos privados com computador, com ligação à Internet fixa e com ligação à Internet através de banda larga (%) em Portugal (dados de 2019):
80,9% Ligação à Internet fixa // 78,0% Ligação à Internet através de banda larga (https://www.pordata.pt/Municipios/Agregados+dom%c3%a9sticos+privados+com+computador++com+liga%c3%a7%c3%a3o+%c3%a0+Internet+e+com+liga%c3%a7%c3%a3o+%c3%a0+Internet+atrav%c3%a9s+de+banda+larga+(percentagem)-797)

Referências e Fontes:

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Avaliação dos Mecanismos de Privacidade e Personalização na Web https://bdigital.ufp.pt/bitstream/10284/3894/1/movel25julv2.pdf (2009 RCAAP)

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Estratégia de Inovação Tecnológica e Empresarial 2018-2030 https://www.ani.pt/pt/valorizacao-do-conhecimento/valorizacao-de-politicas/estrat%C3%A9gia-de-inova%C3%A7%C3%A3o-tecnol%C3%B3gica-e-empresarial-2018-2030/

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Resultados do Grupo 4/2020

A Organização das Nações Unidas(ONU) declarou que em 2020 se inicia a década da ação, período determinante para a conquista dos 17 objetivos para o desenvolvimento sustentável no planeta: 1. Erradicação da pobreza; 2. Fome zero e agricultura sustentável; 3. Saúde e Bem-estar; 4. Educação de qualidade; 5. Igualdade de Gênero; 6. Água potável e Saneamento; 7. Energia Acessível e Limpa; 8. Trabalho decente e crescimento econômico; 9. Indústria, Inovação e Infra-estrutura; 10. Redução das desigualdades; 11. Cidades e comunidades sustentáveis; 12. Consumo e produção responsáveis;13. Ação contra a mudança global do clima; 14. Vida na água ; 15. Vida terrestre; 16. Paz, justiça e instituições eficazes; 17. Parcerias e meios de implementação. Essas metas estão diretamente relacionadas com a sustentabilidade e revelam uma urgência de iniciativas governamentais, corporativas e sociais para que sejam atingidas até o prazo estipulado.

É possível perceber que há um empenho em cumprí-las, que se revela a partir de congressos sobre o assunto que ocorrem ao redor do mundo, documentos governamentais que visam promover ações de sustentabilidade, estudos acadêmicos que avaliam as transformações desde que medidas ecológicas foram implementadas e até a publicação de livros sobre branding e sustentabilidade.

No entanto, também é possível perceber uma disparidade entre a realidade dos diversos continentes do mundo, a europa tem políticas públicas muito mais incisivas em termos de sustentabilidade ao passo que o Presidente Donald Trump retirou os EUA, um dos países com mais alto índice de emissão de carbono, do Acordo de Paris, tratado que visa uma cooperação internacional para responder à mudança climática. O Ministério do meio ambiente brasileiro possui uma agenda que favorece o agronegócio em detrimento da preservação da Amazônia, por exemplo. Há um descompasso global o que torna a conquista dessas metas de forma isonômica pouco provável.

A Europa apresenta em seus relatórios oficiais bons resultados em termos de racionamento e tratamento de água, o que lhes confere água potável em torneiras domésticas. No que tange o uso da água para irrigação na agricultura ainda há uma necessidade de se adequar às políticas da Common Agriculture Policy (CAP). A preocupação com as emissões de gases se relaciona ao crescimento do turismo, o desenvolvimento urbano e das indústrias.

Há diversas instâncias e tratados que visam acompanhar a evolução dessas políticas e propor novas soluções sustentáveis como por exemplo o Multiannual Financial Framework (MFF), European Maritime and Fisheries Fund (EMFF),Global Monitoring for Environment and Security (GMES), Urban Waste Water Treatment (UWWTD), Plant Protection Products (PPPD), Industrial Emissions Directives (IPPC-IED),Emission Limit Values (ELVs), Best Available Techniques (BAT), Millennium Development Goals (MDGs), Integrated Water Resources Management (IWRM), EU Water Initiative (EUWI), entre outros.

Um documento importante para ter uma visão panorâmica das políticas europeias em torno da sustentabilidade é a European Strategy 2020 que reúne soluções para temas como emprego; pesquisa e desenvolvimento; mudança climática e energia; educação; pobreza e exclusão social. O documento foi criado em 2010 e tem a expectativa de que até 2020 75% da população entre 20 e 64 anos esteja empregada, que haja uma redução de 20% das emissões de gases em relação aos anos de 1990, que haja um aumento de 20% no uso de energias renováveis, que a eficiência energética aumente em 20%, que a evasão escolar reduza em 10%, que 40% da população entre 30 e 34 anos atinja o terceiro grau de escolaridade e que pelo menos 20 milhões de pessoas saiam da faixa de risco da pobreza e exclusão social.

Em 2020 Lisboa foi selecionada para ser a capital verde europeia, o projeto promove uma série de iniciativas que incentivam a sustentabilidade e firma um compromisso com as diretrizes do Acordo de Paris, a Rede de Liderança Climática das C40 Cities e propõe a implementação do Plano de Ação para as Energias Sustentável e o Clima (PAESC).

É possível verificar que há uma facilidade de encontrar relatórios de Sustentabilidade de empresas portuguesas de ramos diversos, há um estímulo em desenvolver ações dessa temática. Multinacionais como a Volkswagen, a Citröen, Adidas e a C&A também investem em carros elétricos, consultoria com ativistas ambientais e redução do plástico.

A partir do início da pandemia do vírus Sars-cov-2 os noticiários começaram a relatar que o isolamento social trouxe benefícios para o planeta: houve uma redução das emissões de CO2 em razão da interrupção de voos, redução da poluição sonora pela pausa na circulação de automóveis, a melhora na qualidade do ar, entre outros avanços reportados. O surgimento do vírus também suscita uma reflexão sobre o consumo de carne, a degradação ambiental e a relação do ser humano com o planeta.

Adicionalmente a pandemia escancara as desigualdades sociais e se apresenta como um obstáculo na linearidade das políticas públicas de sustentabilidade uma vez que exige que a saúde, os auxílios governamentais e as estratégias de contenção da doença sejam priorizadas. O projeto de Lisboa verde, por exemplo, perdeu destaque no noticiário uma vez que se trata de uma iniciativa com forte apelo turístico, inviabilizado pelo isolamento social. Diversos artigos foram publicados nos últimos meses tratando dos impactos que o covid-19 teria no turismo, no desenvolvimento sustentável e na pobreza global.

Articulações: As marcas e instituições devem atender à demanda dos consumidores por produtos sustentáveis; As instituições internacionais enxergam essa década como limite para uma mudança de comportamento em relação à sustentabilidade; Para além do novo paradigma de consumo as corporações têm um papel de colocar em prática posturas que levem em consideração o esgotamento dos recursos naturais; É preciso repensar o sistema econômico atual de forma a garantir o bem estar das futuras gerações; Corporações têm feito mais relatórios sobre sustentabilidade; A sustentabilidade se tornou um valor para as pessoas; Há uma preocupação com a adoção de medidas sustentáveis no entanto essas estão muitio focadas na lógica do consumo; O covid-19 apresenta a necessidade de repensar a mobilidade urbana uma vez que os transportes coletivos promovem aglomerações; O teletrabalho é uma alternativa para a redução da poluição causada pelos automóveis e autocarros; A pandemia é um sintoma do esgotamento planetário, é preciso repensar nossas relações com a natureza;

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Resultados do Grupo 5/2020

A depressão e o estresse não são problemas recentes da humanidade, mas se agravam na medida em que o uso de ferramentas tecnológicas passou a ter uma importância central no dia a dia das pessoas. Associadas a isso, temos mudanças nas formas de interação social e no mundo do trabalho, que provocaram o aumento na incidência de doenças psicossomáticas, aliado ao surgimento de novas enfermidades.

Pesquisas recentes da Organização Mundial de Saúde (OMS, 2020) identificaram que 90% da população mundial é estressada; que a saúde mental afeta um quarto da população europeia; que as formas mais comuns de problemas de saúde mental na União Europeia são distúrbios de ansiedade e depressão.

Um levantamento realizado pela Comissão das Comunidades Europeias (LIVRO VERDE, 2005, p. 4) constatou que mais de 27% dos europeus adultos experimentem pelo menos uma forma de doença mental durante um ano. As formas mais comuns de problemas de saúde mental na UE são distúrbios de ansiedade e depressão. Até o presente ano, espera-se que a depressão seja a causa mais alta de doenças no mundo desenvolvido.

Além disso, até 28% dos trabalhadores na Europa relatam estresse no trabalho. Já a Revista Portuguesa de Saúde Ocupacional publicou estudo a afirmar que o estresse ocupacional afeta 59% dos trabalhadores em Portugal (JUNQUEIRA, 2017). Em maio de 2019, a OMS anunciou que passou a incluir na lista de doenças o «burnout», estado de esgotamento físico e mental causado pelo exercício de uma atividade profissional.

A We Are Social divulga anualmente dados relacionados à exposição da população à internet e às mídias sociais. Na pesquisa mais recente (KEMP, 2020), constatou-se que 4,5 bilhões de pessoas utilizam a internet em todo o mundo; dessas, 3,8 bilhões estão nas mídias sociais. O levantamento verificou ainda que cresce a preocupação das pessoas com a privacidade na rede – quase metade dos usuários da internet utilizam bloqueadores de anúncio pop-up. Diante da massiva exposição aos meios digitais de comunicação, em especial as redes sociais, o programa Dependência de Internet, realizado pelo Hospital das Clínicas de São Paulo, no Brasil, verificou uma estreita relação entre o uso do Facebook e a manifestação de efeitos psicológicos negativos em seus usuários, o aparecimento de sintomas depressivos e o aumento marcante de uma insatisfação pessoal (NABUCO, 2017). O programa realiza atendimento multidisciplinar e acompanhamento de pacientes com dependência tecnológica.

Outro indício de que o mau uso das redes sociais pode causar prejuízos psicológicos é a pesquisa #StatusOfMind: Social media and Young people’s mental health and wellbeing, realizada pela Royal Society for Public Health. O estudo constatou que redes sociais mais focadas em imagens, como Instagram e Snapchat, são mais prejudiciais ao bem estar e à saúde mental, pois podem gerar sentimentos de ansiedade e inadequação (RSPH, 2017). A instituição sugere, como forma de evitar esses resultados negativos, a aplicação de avisos pop-up quando se faz uso prolongado das mídias sociais, a identificação de utilizadores que podem estar sofrendo de problemas de saúde mental em suas postagens e discretamente indicar apoio e a informação destacada quando imagens forem manipuladas digitalmente. Considerando que a saúde física e mental depende também do ambiente em que se vive, dados da Organização Mundial de Saúde apontam que atualmente 55% da população mundial vive em áreas urbanas (até 2050 esse percentual deve subir para 68%) e que essas regiões ainda sofrem com habitação e transporte inadequados, falta de saneamento, de tratamento adequado de resíduos, além de outras formas de poluição, ruído, contaminação da água e do solo, escassez de espaços para vida ativa (WHO, 2020). Soma-se a isso o fato de que os modos de vida e sistema de produção das cidades urbanizadas são os grandes impulsionadores das mudanças climáticas prejudiciais à saúde do ser humano.

Para fazer frente às necessidades de se buscar formas de vida mais saudáveis e que sejam compatíveis com a crescente urbanização, o Governo de Portugal instituiu políticas públicas para garantia da protecção da saúde mental através de medidas que contribuam para assegurar ou restabelecer o equilíbrio psíquico dos indivíduos, para favorecer o desenvolvimento das capacidades envolvidas na construção da personalidade e para promover a sua integração crítica no meio social (SAÚDE/PORTUGAL, 2016). As medidas incluem ações de prevenção primária, secundária e terciária da doença mental, bem como as que contribuam para a promoção da saúde mental das populações.

A pandemia de coronavírus vem mudando a forma como as pessoas se relacionam, os modelos laborais, de negócios e de controle social pelo Estado. Essas mudanças devem impactar no bem estar e privacidade das pessoas. Já há, inclusive, um movimento em direção ao maior controle sobre a vida e as atividades das pessoas. O argumento é que essas ferramentas de controle visam a garantir a segurança epidemiológica da população (TIDY, 2020).

Reuniões sobre a distribuição de uma identidade padrão global estão a ocorrer desde 2017, a cúpula do ID2020, uma parceria público-privada que está empenhada em promover esse objetivo de desenvolvimento sustentável para 2030, a utilizar tecnologia blockchain. A Accenture e a Microsoft participam como parte deste projeto, apoiado pelas Nações Unidas, para fornecer identificação legal para 1,1 bilhão de pessoas pelo mundo sem documentos oficiais (REUTERS, 2017). O teste para o programa já começou e foi lançado ano passado (2019), na cúpula anual em Nova Iorque, em colaboração com o Governo de Bangladesh, a aliança de vacinas Gavi e outros parceiros, para alavancar a imunização como uma oportunidade de estabelecer identidade digital. A ideia é que esse programa de identidade digital armazene, em um único local, todas as informações referentes ao indivíduo, inclusive as vacinas que ele tiver. Antes da concretização da tecnologia citada acima, países europeus consideram que uma ferramenta tecnológica de rastreamento e de alerta deve ser importante para controlar o vírus quando a população voltar às ruas (LINDE & COLOMÉ, 2020). Espera-se também que durante e após a pandemia, para garantir o acesso à outros países e ter um maior controle, seja necessário a comprovação de uma vacina, assim como a da febre amarela, por exemplo, que já é exigido em alguns países.

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Fase 1 – Coolhunting

Sinais Cool e Criativos

Projeto “Now Upon a Time” (1/2020)

Fonte: Springwise. Acesso em 5 mar 2020.

Descrição: O projeto usa tramas originais de contos de fadas, mas muda detalhes para apresentar personagens femininas mais fortes e modelos mais positivos para meninos e meninas. A agência norte-americana The Martin Agency refaz as histórias e produzem novas versões visuais on-line, podcasts e audiolivros gratuitamente.
Natureza Cool: Ao revisitar histórias infantis e nos colocar em contacto com a nostalgia, essas narrativas são repensadas para melhor servir e inspirar o público infantil. Sabendo que os contos de fadas são fortemente estereotipados pelas questões de gênero, onde a mulher indefesa deve ser salva e o homem é sempre ativo e deve prover um resgate, o projeto chega para desconstruir esses padrões e iniciar um nova geração com outra perspectiva ligada ao seu desenvolvimento pessoal e não aliada ao seu gênero. Observamos que as narrativas que envolvem a desconstrução do estereótipo de gênero já estão sendo muito mais abordadas nos livros, álbuns de música, podcasts e em propagandas publicitárias. Reinventar histórias que estão em nossa memória e ressignificá-las é uma ótima maneira de não propagar questões limitadoras ligadas ao gênero.
Insight: Histórias e crenças que são impostas desde a infância estão a cair por terra quando temos criadores de narrativas empenhados em desconstruir qualquer estereótipo ligado a raça, gênero e orientação sexual.

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#AsianBeauty (1/2020)

Fonte: Twitter. Acesso em 18 março 2020.

Descrição: Anteriormente utilizada para sexualizar corpos asiáticos, a #AsianBeauty entrou para os Trending Topics do Twitter no dia 16 de março ao ser ressignificada pelos usuários como forma de reafirmação da identidade asiática.
Natureza Cool: Usa as redes sociais para uma campanha que traz a identidade como fator principal e ajuda a combater um estereótipo ligado às mulheres asiáticas. Ressignifica uma hashtag e a coloca como um meio de capacitar as mulheres asiáticas a partir de sua própria identidade.
Insight: Retratar assuntos como preconceito racial, objetificação e aceitação para ressignificar e se apropriar da hashtag com uma conotação positiva é também um meio de relembrar as origens e ascendências.

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The Meet Vincent van Gogh Experience (1/2020)

Fonte: Meet Vincent van Gogh Experience. Acesso em 20 março 2020.

Descrição: O Van Gogh Museum traz uma experiência multissensorial das obras mais importantes de Van Gogh. As actividades sensoriais permitem sentir e tocar em elementos da vida do artista, como puxar uma cadeira e sentar-se à mesa ou subir ao monte de feno, em Arles. A exposição reúne obras do grande pintor de uma forma inovadora, visto que é possível interagir com as obras de arte expostas.
Natureza Cool e Insight: Ao alinhar narrativas experienciadas com obras de arte, o museu quebra um estereótipo de ser um lugar somente para observação. Nesse caso, o museu é um lugar onde é possível tocar, sentir, senta-se à mesa e interagir com grandes obras da pintura. Proporcionando, assim, experiência, curiosidade e interesse de uma maneira diferente quando relacionada a uma exposição de artes plásticas.

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Festival – “Eu Fico em Casa” (1/2020)

Fonte: Instagram. Acesso em: 17 março 2020.

Um festival via múltiplas plataformas online, criado em tempos de pandemia, onde diversos músicos portugueses uniram-se em um projeto musical virtual feito a partir de suas casas para o público que assistia também de suas respectivas residências.
Natureza Cool e Insight: Com a impossibilidade de sair de casa por conta de uma pandemia, músicos tornam shows acessíveis transmitidos via redes sociais para entreter o público. Mesmo em tempos difíceis, a arte toma protagonismo ao oferecer projetos culturais gratuitamente para espectadores em suas casas. Muitos festivais surgiram a partir dessa ideia. Abrangendo outras formas de expressão, além da música. Vê-se um movimento grande nos vídeos em direto nas redes sociais para levar entretenimento a quem está isolado em suas casas. Sem poder reunir multidões em festivais artísticos, a cena criou um festival online que consegue conectar virtualmente pessoas e promover um momento de lazer no meio de uma grande crise. A conexão entre artista e público ficou mais próximo, já que a interação online acontece muito mais e melhor do que quando um artista apresenta-se de cima de um palco. Mas não são só pontos positivos, a questão enfraquece a artistas e trabalhadores técnicos como roadies, técnicos de som e iluminação, por ser um modelo pouco sustentável economicamente, já que as lives estão acontecendo de maneira gratuita.

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O hiper-realismo de Filipe Custic (2/2020)

Fonte: Instagram.

Descrição: O corpo da obra do artista plástico multidisciplinar espanhol-sérvio de 26 anos, utiliza-se do hiper-realismo para explorar a fisicalidade do corpo humano através de diversas plataformas como instalações, esculturas, fotografia e artes digitais.
Natureza Cool: O trabalho de Filip salta aos olhos e causa estranheza ao retratar o corpo humano de forma não convencional, trazendo uma nova estética transhumana ainda pouco explorada. Nos incita a desafiar os limites do próprio corpo e sua materialidade e as diversas formas possíveis de representação de nossas identidades através dele. As obras do artista dialogam com a crescente necessidade do indivíduo de expressar sua identidade além da condição humana física, com a liberdade de não se enquadrar em nenhuma categoria já estabelecida, criando seus próprios códigos, reforçado pela avanço da tecnologia, que permite uma nova visão do EU pós-humano.
Insight: Marcas e instituições devem estar atentas às novas representações de identidade, que vão muitas vezes além da materialidade do próprio corpo, entendendo que as categorizações já hoje pré-estabelecidas não são mais suficientes. Vale reforçar o uso da tecnologia para expressão destas novas identidades.

.Inovação e Diversidade: a poderosa combinação por trás da nova formação da Barbie (2/2020)

Fontes: Barbie Mattel; Forbes.

Descrição: Uma nova linha de bonecas Barbie acaba de ser lançada reforçando-a como a boneca mais diversificada do mundo. Nesta edição esportistas profissionais são transformadas em modelos e são homenageadas no Dia Internacional da Mulher.
Natureza Cool: O sinal se torna cool por ser uma iniciativa que diz respeito à quebra de estereótipos e raças, não há um padrão de pele ou cabelo. Assim criam novas maneiras de ajudar as crianças a aprender a desafiar os estereótipos de gênero. As bonecas se apresentam com características externas diferentes das Barbies mais populares, a exemplo da boneca negra inspirada na atleta britânica Dina Asher Smith. A ação do fabricante, lançando produtos diferentes dos habituais inspira por se constatar uma adaptação a resposta das necessidades de várias meninas, pois ao alargar o olhar até a posição daquelas que por algum motivo não se sentem representadas, o fabricante também acaba se aproximando tanto do público mirim quanto dos seus pais.
Visto que hoje se busca um mundo cada vez mais igualitário onde todos possam ter os mesmo direitos, existe um grande potencial de crescimento nesta ação, uma vez que estas modelos atuarão como fontes de motivação para que meninas se vejam em mulheres de sucesso e possam inspirar-se a lutar pelos seus sonhos.
Insight: Mais empresas e marcas precisam desenvolver ações como esta, que além de homenagear pessoas que lutaram e se dedicaram para alcançar um objetivo, ao criar uma linha que saem do padrão ortodoxo, transportam-se do seu status para dialogar com minorias, mostrando-se assim mais próximas delas e compreensiva às suas necessidades.

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Consubstantiation : um Drag show somático e pós-mimético por Dinis Machado (2/2020)

Fonte: http://www.dinismachado.com/consubstaciation.html

Deslocando-se de uma perspectiva de género e de identidade sexual binários, a performance desenvolve-se a partir da criação de um imaginário de “um espaço entre”, tanto sexual como de género, e da sua personificação: um corpo humano que se aproxima de um género-objecto. Por se tratar de uma performance disruptiva, a estranheza das características da apresentação como a utilização de formas geométricas e outros objetos usados na construção de narrativas identitárias contribuem para um olhar mais “naturalizado” ao que referem-se características pessoais e consequentemente, de identidade de gênero.

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VTREE SOLAR (3/2020)

Fonte: https://www.publico.pt/2017/02/14/p3/noticia/primeira-arvore-tecnologica-solar-do-pais-fica-em-lisboa-1827612

Equipamento, em forma de árvore, que, através de energia solar, acumula e gera energia eletrónica, com o objectivo de fornecer wifi e bateria a telemóveis. O primeiro dispositivo deste tipo colocado em Portugal foi instalado na Praça do Comércio, em Lisboa, em 2017.
Vtree Solar chama à atenção por, atualmente ser um aparelho de acesso público pouco comum. Não costuma haver nas ruas um dispositivo no qual se pode, gratuitamente, carregar o smartphone a aceder à internet. Para além disso, gera debate acerca da constante necessidade (seja por razões recreativas ou profissionais/académicas) de estarmos ligados ao mundo digital e da importância do uso de energia renovável. O seu potencial de replicação é notável a partir do momento em que o conceito de Vtree Solar já foi posto em prática em várias regiões do Mundo, como por exemplo na Roménia, no Brasil e no Chile.
O conceito de um dispositivo como Vtree Solar faz-nos refletir acerca de questões relacionadas com a sustentabilidade e com a necessidade de estar constantemente ligado ao virtual. Contudo, mantendo sempre uma faceta que remeta para a natureza. Por essa razão, o design do dispositivo assemelha-se a uma árvore e é colocado em locais ao ar livre. Através de Vtree Solar, estes dois universos (a natureza e a tecnologia digital) não são apresentados como opostos. Há uma junção de ambos que permite ao utilizador sentir-se mais chegado à natureza, mesmo enquanto usufrui de um serviço facilitado pela tecnologia digital.

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QSTAMP® – Sensor Alimentar (3/2020)

Site oficial: http://qstamp.io/
Fonte:https://www.publico.pt/2019/11/12/p3/noticia/sensor-para-alimentos-criado-por-portugueses-chega-ao-publico-em-2020-1893395

QStamp® é um sensor criado pela startup portuguesa Mater Dynamics. Através de um formato em autocolante transmite informação sobre a temperatura, a luz e a humidade das embalagens de alimentos, com ajuda da sua aplicação.
QStamp pode considerar-se atrativo porque é inovador, especialmente por se apresentar no combate ao desperdício alimentar. Inspira e simplifica o dia-a-dia do consumidor, enquanto sujeito ativo na tomada de decisões mais conscientes e sustentáveis. Além disso, faz-nos refletir também acerca do tipo de alimentos que consumimos. O formato subtil e discreto de QStamp (um autocolante) apresenta a possibilidade de ser replicado em outros setores diferentes do setor alimentar, como o setor da saúde, por exemplo. Ajudando, assim, à gestão de novos serviços, tratamentos e produtos de outras áreas.

A criação de etiquetas inteligentes aborda questões como a tecnologia, a sustentabilidade e a sociedade. Através da mesma, é possível produzir discursos sobre a importância que a tecnologia representa para a sociedade atual e para a natureza, mais especificamente na luta por um planeta mais sustentável e uma vida mais saudável. Desta forma, através do controlo de vários parâmetros, é possível acompanhar, a cada momento, a evolução do estado do produto através de um simples smartphone.

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INMOTION – RECUPERAÇÃO FÍSICA VIA VIDEOJOGOS (3/2020)

Fonte:https://www.publico.pt/2017/12/13/p3/noticia/os-videojogos-tambem-podem-ser-receitados-pelo-medico-1828970

O projeto InMotion, criado por um grupo de alunos do Instituto Técnico de Lisboa, dedica-se à reabilitação física através do conceito gamification, juntando o conhecimento de três áreas (tecnologia, engenharia e medicina). A recuperação física é feita através de fisioterapia, com exercícios adequados a cada articulação. Para além disso, uma câmara permite medir e monitorizar a evolução do utilizador e enviar estes dados para o médico ou fisioterapeuta, oferecendo um novo índice de avaliação.

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AI GAHAKU (3/2020)

Fonte:https://ai-art.tokyo/en/?fbclid=IwAR2dFoT1EZ9__49AZGVJB4EtgDY6RdxcQyaJi1N1x1wPAnK6ACsJFy72EFE

Homepage do site AI Gahaku, acedido em Abril de 2020

O robot Gahaku de inteligência artificial, criado pelo programador japonês Sato, transforma fotografias submetidas no site, pelos utilizadores, em retratos de séculos passados.

Numa era em que a maioria do processo fotográfico é feito de modo digital ou analógico, retratos pintados à mão são raros. E é exatamente por isso que AI Gahaku é atrativo. Numa época consumida por tantos dispositivos tecnológicos, surge curiosidade em saber como a nossa aparência seria retratada através de uma prática que era mais comum nos séculos pré-digital. É atrativo porque não é comum.

Al Gahaku pode ser inspirador na medida em que tem o poder de gerar uma análise acerca de questões de nostalgia e representação de estéticas mais antigas. Gera debate sobre o porquê de, atualmente, haver uma romantização e curiosidade acerca do antigo, séculos XVI, XVII, etc, especialmente de elementos estéticos e artísticos relacionados com as épocas referidas.

O conceito de AI Gahaku será fácil de viralizar porque pode observar-se um crescente interesse em eras diferentes da História. Neste caso, interesse na estética da arte do passado e na em retratos de pessoas desenhados em telas e pintados com tinta. O interesse por estéticas de décadas passadas continua a existir. Continua presente um fascínio por objetos vintage, retro e antigos, sejam eles referentes aos anos 50 do século XX ou reproduções contemporâneas de feiras medievais.

O ADN criativo de AI Gahaku assenta, essencialmente, em sensações nostálgicas e na possibilidade do regresso a períodos passados. A curiosidade humana é, muitas vezes, estimulada por conceitos pouco comuns e diferentes. A pintura não é uma prática pouco comum nem diferente, mas a conceção de um retrato pintado é, nos dias de hoje, pouco comum. E é isso que suscita interesse. No Mundo de hoje, já conhecemos a aparência de selfies e de fotografias digitais. AI Gahaku tenta reproduzir uma prática pouco utilizada, actualmente. Temos curiosidade em saber como seríamos retratados através de técnicas de pintura respetivas a séculos passados. O potencial de viralização de um conceito como o de AI Gahaku – o interesse em estéticas de eras passadas – é visível através de, por exemplo, o surgimento de aplicações para smartphones que aplicam filtros com pouca definição e com algum pó a fotografias tiradas com dispositivos digitais. Simulando, assim, fotografias analógicas, que, embora não necessariamente um símbolo de épocas antigas, eram mais usadas quando não havia qualquer acesso à tecnologia fotográfica que há actualmente. É quase como houvesse, de certo modo, uma vontade de voltar ao antigamente.

.Boring Phone

Boring Phone (3/2020)

Fonte:https://boringphone.com/
Homepage do site Boring Phone, acedido em Abril de 2020

BoringPhone é um telemóvel smartphone minimalista, que inclui apenas funções consideradas necessárias e úteis. O seu slogan é “O único telemóvel que requer menos do seu tempo”. BoringPhone é isento de funcionalidades consideradas distrativas que possam prejudicar a produtividade do utilizador ou causar-lhe stress e ansiedade provenientes de um constante uso da tecnologia. As funções do BoringPhone incluem chamadas, mensagens, câmera, GPS, podcasts, música, ferramentas úteis, HotSpot (Wi-fi), MP3, calculadora, fotogaleria, bloco de notas, calendário, relógio, rádio, gravador de áudio e lanterna. As funcionalidades não incluídas neste telemóvel são acesso a Emails, Navegador de Pesquisa, Redes Sociais e Loja de Aplicações.

BoringPhone torna-se atrativo porque está fora da expectativa que se tem acerca de um smartphone, não está dentro da norma. É um telemóvel que oferece mais funcionalidades que os primeiros telemóveis que apareceram no mercado. Contudo, por opção, não oferece tantas quanto o modelo actual de telemóvel inteligente. Fá-lo por escolha, está a marcar uma posição. Pode gerar debate em torno de como, actualmente, usamos grande parte do nosso tempo a utilizar dispositivos tecnológicos. Incentiva uma análise acerca do modo como nos servirmos da tecnologia e dos respectivos aparelhos que temos à nossa disposição. Coloca questões como “Quanto tempo passamos, realmente, online?”, “Devemos focar a maioria da nossa atenção no mundo não-virtual? Ou um equilíbrio de ambos?”. No geral, o conceito de BoringPhone coloca em perspetiva o modo como vivemos num mundo tão consumido pela tecnologia. O conceito de BoringPhone até já está a ser adaptado e colocado em prática por outros serviços. Um exemplo é o Hotel Bellora, na Suécia, no qual o valor da estadia varia consoante o uso da internet, por parte do cliente do hotel. A ideia por trás de ambos os projectos, BoringPhone e Hotel Bellora, é a mesma: o incentivo a não usar tanto as redes de tecnologia que estão à nossa disposição, uma desconexão virtual.
ADN por trás do conceito de BoringPhone é incentivar o pouco uso de dispositivos tecnológicos nos quais passamos demasiado tempo simplesmente a scrollar, sem propósito. O conceito de desconexão incentiva a uma utilização do nosso tempo noutras actividades que nos façam estar mais presentes, atentos e focados no próprio momento em que nos encontramos. De certo modo, promove a poupança de saldo e energia (se utilizarmos pouco o telemóvel não é necessário carregá-lo com dinheiro e bateria tão frequentemente). Além de tudo isto, promove também a privacidade, porque não permite acesso a redes, aplicações e sites nos quais, normalmente, se partilham detalhes sobre a vida quotidiana de várias pessoas. O conceito de BoringPhone assenta na desconexão tecnológica e na privacidade.

Esta busca pela privacidade que, nos dias de hoje, parece um conceito longínquo e antiquado, está a ganhar cada vez mais popularidade. É uma ideia que pode ser transferida para outros projectos e objectos. Um exemplo de uma outra manifestação desta microtendência é a “pulseira do silêncio”, uma pulseira que, quando activada, proíbe dispositivos de inteligência artificial como a Alexa e a Siri de recolherem informação. No geral, o ADN de BoringPhone assenta, sobretudo, na desconexão digital, num retorno à privacidade e na boa gestão de tempo pessoal.

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AMAZON GO GROCERY – Just walk out (3/2020)

Site: https://www.amazon.com/b?ie=UTF8&node=20931388011
Fonte: https://www.retailconnections.co.uk/articles/amazon-go-grocery-the-web-giants-first-cashier-less-supermarket/
Alison Clements, Amazong Go Grocery : The Web giant’s first cashier-less supermarket, acedido em Abril de 2020

É uma aplicação baseada na tecnologia de compras e de pagamento móvel. Amazon Go Grocery tem mudado a maneira como as pessoas compram e experienciam as compras em supermercados. A tecnologia de Just Walk Out detecta quando um item é removido ou colocado de volta nas prateleiras, enquanto regista tudo isso num carrinho de compras virtual. Assim que o utilizador terminar de fazer compras pode simplesmente sair da loja. Não tem que esperar em filas ou passar por uma caixa registadora. O pagamento e o recibo serão feitos através da sua conta na plataforma da Amazon.
NATUREZA COOL: A aplicação Just Walk Out torna-se atrativa pois ajuda a gerir e a poupar tempo. A aplicação permite fazer compras no supermercado, sem ter que esperar nas filas das caixas registadoras, para pagar. Just Walk Out possibilita o debate acerca dos prós e dos contras das novas tecnologias (tema que irá estar desenvolvido mais a fundo no sector do Insight). O conceito de Just Walk Out, uma aplicação que permite a automatização de serviços, já está presente noutras áreas e é visível em outros setores, como por exemplo aplicações de bancos e transferência de dinheiro. Aplicações como a MBWay e a Moey permitem que o utilizador realize as funções que pretende através de um simples clique, onde quer que esteja, sem ter que se deslocar. Surgem cada vez mais aplicações que têm a possibilidade de descartar o contacto humano nos mais diversos serviços.
O ADN criativo de Just Walk Out baseia-se numa melhor gestão de tempo e na ajuda a utilizadores que sofram de ansiedade ou de distúrbios anti-sociais. Este tipo de aplicação pode contribuir para a análise acerca dos prós e contras de novas tecnologias cada vez mais assentes na automatização. Uma aplicação como a Just Walk Out pode ser útil e eficaz ao permitir uma melhor gestão do tempo em vidas muito ocupadas e ajudar também quem tem dificuldade em lidar ou em comunicar com outras pessoas, como no caso de distúrbios ou condições mentais relacionadas com a ansiedade. No entanto, pode também ser um tipo de aplicação perigosa, porque se se tornar popular e usada por grande parte da população, contribuirá para o aumento da taxa de desemprego, pois serão cada vez menos os funcionários necessários para o atendimento ao público nas caixas registadoras de determinados supermercados.

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Embalagens de televisores Samsung se transformam em objetos (4/2020)

https://news.samsung.com/global/samsung-to-introduce-eco-packaging-for-its-lifestyle-tv-lineup

A Samsung criou novas embalagens para sua linha “Lifestyle” de televisores com o intuito de prolongar a vida útil das caixas transformando-as em novos objetos. As caixas “eco-packaging” além de serem feitas a partir de material reciclado, podem se tornar casas de gatos, revisteiro, prateleiras para decodificadores e suportes para controle remoto.
A proposta da Samsung é atrativa uma vez que ressignifica o ciclo de vida das embalagens criando alternativas ao descarte. As caixas trazem uma proposta sustentável que vai além do material de fabricação e repensam a relação do indivíduo com um material de iria para o lixo.
Essa criação é inspiradora uma vez que instiga as empresas a mais do que se preocupar meramente com a reciclagem, pensar em novos destinos para os resíduos para que eles tenham uma função, tornem-se objetos utilitários
Há um potencial de crescimento uma vez que foi uma iniciativa inovadora que eleva a discussão das embalagens a um outro nível, o de pensar formas de transformá-las de modo que possam ser inseridas na vida das pessoas e não apenas descartadas.
É preciso que as empresas vão adiante em termos de sustentabilidade e não fiquem apenas focadas em seu material mas sim em pensar em como transformar seus resíduos em algo utilitário.

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Disco de vinil feito a partir de plásticos descartados no mar leva a sustentabilidade para a música (4/2020)

Em 2019 a música “In the Anthropocene” do cantor Nick Mulvey ganhou um vinil de 10mm feito com plásticos descartados no mar da Cornualha. Este é considerado o primeiro LP 100% sustentável do mundo. https://www.youtube.com/watch?v=qBuE-Z_DPwE&feature=emb_title
O vinil contém a música “In The Anthropocene” do artista Nick Mulvey que aborda a questão da preservação ambiental, mas além da parte poética, o disco chama a atenção por ser feito com plástico descartado no mar, mostrando que é possível dar outros fins ao lixo.
Nos faz pensar que é possível dar um ressignificado ao lixo plástico que é descartado muitas vezes de forma incorreta, visto que ele é um material que demora para se decompor e que impacta negativamente o meio ambiente.
O “ocean vinyl” aproveita o crescente mercado de discos de vinil que tem lançado títulos clássicos e novos, alguns deles em edições especiais, em que o disco é prensado em cores diferentes, ao invés do preto padrão. Um disco feito a partir de materiais reciclados chama a atenção dos consumidores de vinil e também dos artistas.As gravadoras e fábricas de discos podem utilizar materiais reciclados como alternativa ao vinil, isso mostraria que o mercado de música física está se adaptando não somente ao consumo digital, mas também a um cenário onde os produtos sustentáveis vêm ganhando cada vez mais importância entre os consumidores.

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Massagem sem contacto humano (5/2020)

Fonte:https://capsix-robotics.com/

A Capsix Robotics desenvolveu uma nova tecnologia, única no mundo, permitindo o cuidado do corpo com um robô colaborativo! O sistema se adapta à morfologia do paciente e permite uma interação em tempo real.
Com a soma de respostas físicas e mentais causadas pelo estresse, há um desgaste que atinge o corpo humano que é causado por esse processo, que pode até gerar nódulos nos músculos. Esses nódulos podem ser desfeitos ou prevenidos com pressão e toque adequados, sendo o robô massageador de grande atrativo, para além da autonomia, pois pode ser utilizado a qualquer momento sem a necessidade de terceiros com um sistema completamente moldável e independente ao corpo.
O robô massageador possui potencial de replicação pois com a possibilidade de surgimento de outros vírus, o contato humano poderá ficar cada vez mais raro, implicando em soluções que possam atender as demandas de estresse e tensão.

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Roupa com filtro de proteção contra patógenos (5/2020)

Fonte: https://www.bioscarf.com/

Com o surgimento cada vez mais constante de patógenos, como vírus e bactérias, a Bio Scarf lançou o G95, o primeiro equipamento com tecnologia de filtragem integrada para ajudar na proteção da poluição do ar, alérgenos, bactérias, fumaça, PM2.5 e outros contaminantes transportados pelo ar que podem ser nocivos para a saúde.
É atrativo pela facilidade de obter a proteção contra patógenos e ao mesmo tempo poder. É inspirador porque oferece uma tecnologia incorporada à roupa e descarta o uso de máscara a parte.
Tem potencial de replicação massificado, já que é prevista a chegada de novos vírus no planeta, que forçam mudanças de comportamento e no uso de tecnologias que possam auxiliar na proteção contra esses patógenos.

Fase 1 – Clipping dos Media

Resultados do Grupo 1/2020

O resultado da recolha do conteúdo presente nos meios de comunicação para o clipping revela que as macrotendências predominantes são a nostalgia, a experiência e a identidade. A nostalgia e o revivalismo estão bastante presentes na sociedade actual e na vida da população, sendo estas temáticas expressadas em diversos sectores culturais como: cinema, moda, música ou jogos. Por outro lado, a experiência, especificamente, a experiência imersiva, é uma temática e recurso cada vez mais usado, contribuindo como resposta às necessidades e desejos da população/consumidores e possuindo uma importância associada à tecnologia, provocando uma realidade virtual, aumentada, mais realista, apelando a todos os nossos sentidos (multisensação, Experience Economy e VR will Merge Ubiquitously). Para além disso, gera impacto nos negócios, na aplicação empresarial, nas marcas e nos mais diversos sectores profissionais. As narrativas experienciadas, por sua vez, são um tópico bastante abrangente e comum nas notícias e artigos divulgados. A identidade surge como fator de aproximação entre marca e público, ou espaço e consumidor, ao sentir-se parte o espectador sente-se mais confortável para explorar o novo ambiente ou produto. Outro fator também possível de identificar neste macrotema é a identidade própria, de cor, etnia, cultura, posições políticas e gostos pessoais, a identidade como “tribalismo”, que emerge ao sentir-se parte de um grupo, também é presente nas pesquisas registradas até aqui.

Resultados do Grupo 2/2020

Após a coleta de notícias publicadas nos media nacionais e internacionais, foi possível levantarmos trinta e uma matérias relacionadas a nossa hipótese. Estas notícias foram agrupadas por afinidade e associação das palavras-chaves. Após a análise das reportagens e o seu agrupamento, foi possível chegarmos às seguintes conclusões:
» A temática de transhumanismo não é nova. Porém, ainda aparece com menos presença e muito relacionada às novas tecnologias, com um certo ar de ficção científica, apesar da existência de um movimento e especialistas que chancelam suas teorias;
» Diversas tecnologias e experimentos recentes indicam que a expansão do corpo humano para uma ligação com a máquina ou aprimoramento genéticos serão possíveis em um futuro não tão distante;
» Devido à atual situação da COVID-19, há uma série de matérias que mostram preocupação com as consequências desta crise, com previsões negativas mas também uma visão de esperança e de oportunidade para um novo recomeço.
» Matérias relacionadas com a diversidade de uma forma geral foram as de maior número dentro de nossa hipótese, com destaque para a abordagem do tema no ambiente de trabalho e igualdade de gênero.
» É possível observar de forma menos expressiva questões raciais e LGBT+ em mídias de massa, o que pode indicar a chegada destes temas no mainstream.
» Há indicativos de que questões relacionadas a polarização devem crescer, principalmente no campo político.

Resultados do Grupo 3/2020

Verifica-se que a maioria das notícias recolhidas abordam os serviços possibilitados pelas novas tecnologias como algo positivo, que pode contribuir para o bem-estar dos indivíduos e para benefício da sociedade. Exemplos disso são as notícias acerca de como o desenvolvimento tecnológico está a impactar positivamente o setor da saúde, e como durante a pandemia de Covid19 várias plataformas online disponibilizaram informação, cultura, arte e entretenimento de maneira a tornar os dias de confinamento ligeiramente melhores e menos aborrecidos, dentro das circunstâncias. No entanto, também existem várias notícias que referem algumas desvantagens do uso, aliás, do mau uso ou do uso excessivo, das novas tecnologias e dos respetivos produtos e serviços disponibilizados por estas.

Resultados do Grupo 4/2020

O que se nota no clipping é que há cada vez mais programas institucionais que apoiam iniciativas sustentáveis, desde a elaboração de leis, congressos para debater o tema, até bolsas de incentivo para criação de produtos sustentáveis.
No entanto, após a declaração da Pandemia do Covid-19 houve uma mudança no discurso sobre sustentabilidade, a palavra recebeu um novo sentido de utilização e passou a se referir a atividade econômica e social. Para além disso, também surge nos media a discussão dos impactos do isolamento social, estratégia utilizada mundialmente para conter o contágio do vírus, no meio ambiente, como por exemplo a redução da poluição, a limpeza dos canais de Veneza, entre outros.
Há reportagens que afirmam que a pandemia evidenciou o impacto das desigualdades sociais e as consequências da má relação das pessoas com o planeta. A indústria da carne por exemplo foi alvo de críticas e denúncias quanto à insalubridade dos locais de trabalho, que se transformaram em novos focos da covid. O uso consciente da água também foi apontado como algo primordial em períodos de pandemia uma vez que torna-se primordial garantir que todos tenham acesso a ela, principalmente para garantir a higiene adequada. Outra preocupação levantada é com o descarte de lixo, que além de ter se transformado em um vetor de contágio, aumentou significativamente em razão da pandemia.

Resultados do Grupo 5/2020

Para a realização do clipping foram pesquisadas as seguintes fontes: www.público.pt; www.expresso.pt; www.sabado.pt; www.dn.pt
As reportagens analisadas foram publicadas entre os dias 11 de junho de 2019 e 13 de maio de 2020. Entre os assuntos mais debatidos estão discussões acerca das doenças desencadeadas pelo atual ritmo e sobrecarga de trabalho. Tanto as consequências físicas de atividades repetitivas, quando sintomas ou doenças psíquicas (burnout, ansiedade, tristeza e confusão mental).
O debate sobre o potencial científico do estudo sobre a felicidade, necessidade de atividades físicas ao ar livre e a procura por tratamentos e métodos terapêuticos alternativos, bem como a busca pelo envelhecimento saudável e ativo também ganham espaço nos media.
Em outra vertente, reportagens sobre privacidade (ou a falta dela) dentro do ambiente virtual e como isso impacta na vida e na saúde mental das pessoas também são facilmente encontradas em veículos de comunicação. E aproveitando o momento de pandemia de coronavírus no mundo, algumas reportagens abordam a necessidade de manter a saúde mental em dias para enfrentar o confinamento e sugerem atividades de autocuidado durante a quarentena.

Fase 1 – Análise Audiovisual

Através do website Filmspot teve lugar o levantamento de todos os filmes exibidos nos cinemas de Portugal entre os anos de 2015 e 2019. Neste intervalo temporal, foram considerados 1.860 filmes, destes, 23 eram reposições.

Resultados do Grupo 1/2020

ANO FILMES (TOTAL) FILMES (HIPÓTESE) %
2015 387 124 32%
2016 267 85 31,8%
2017 382 132 34,5%
2018 404 157 38,9%
2019 404 188 46,5%
TOTAL: 37,2%

Tabela 1: Dados quantitativos que ilustram a representatividade da hipótese 1 nos filmes exibidos nos cinemas de Lisboa entre os anos 2015 e 2019.
Fonte: autoria própria.

A hipótese esteve presente em 686 dos 1844 filmes analisados, exibidos nos cinemas entre os anos 2015 e 2019. Esse número representa 37,2% do total de filmes. É possível notar um aumento relativamente gradual na porcentagem de filmes associados à hipótese: com exceção do intervalo entre os anos de 2015 e 2016, em que o número caiu de 32% para 31,8%, o número de filmes relacionados à hipótese apenas cresceu. O número, em 2017, subiu para 34,5%. Em 2018, aumentou para 38,9% e, em 2019, totalizou 46,5% da totalidade de filmes analisados. Dessa forma, é possível afirmar que a representação da hipótese 1 nos filmes exibidos em Lisboa tem crescido nos últimos 5 anos.
No gráfico abaixo, está ilustrada a quantidade total de filmes analisados, exibidos nos cinemas de Lisboa (barra azul), e, a partir desse número, os filmes relacionados à tendência 1 (barra cinza), separados por ano:

Gráfico 1: Dados quantitativos que ilustram a representatividade da hipótese 1 nos filmes exibidos nos cinemas de Lisboa entre os anos 2015 e 2019.

No gráfico a seguir, apresentamos a relação dos filmes associados à hipótese 1 com as macrotendências que são identificadas nessa hipótese. É importante ressaltar que é possível haver a presença do mesmo filme em mais de uma macrotendência. Por meio do gráfico, pode-se notar a expressividade das Narrativas, que totaliza 63% do total de associações às macrotendências. A seguir, a presença mais expressiva é de Nostalgia, com 16%, seguida Globalização com 8% cada. Urbanização e Tribalismo aparecem, cada uma, em 2%.

Sabemos que, por se tratar de uma forma de narrativa, é natural que o audiovisual esteja relacionado. Levando em conta a maior expressividade dessa tendência, decidimos elaborar um gráfico representando a associação dos filmes.Notamos a presença de outras categorias, resultantes de um padrão, que nos saltaram aos olhos: A primeira, Grandes Narrativas, reflete a grande quantidade de filmes contextualizados em meio a grandes acontecimentos da humanidade, a maioria no século XX, ou que são baseados em discursos amplamente difundidos e conhecidos. Alguns dos exemplos mais identificados são: filmes sobre 1ª Guerra Mundial, 2ª Guerra Mundial, Nazismo, Guerra Fria, Apartheid, Refugiados, Terrorismo, Natal, temas bíblicos, entre outros. A separação dessa categoria de outras, como Nostalgia, fez-se necessária pela diferença na rememoração do passado – enquanto a última relembra de forma necessariamente positiva, com anseio de retornar à época em questão, a temática de Grandes Narrativas não tem esse propósito. Em vez de romantizar o passado, essas narrativas são frequentemente retomadas por ainda influenciarem o modo de se pensar o mundo ocidental contemporâneo, devido ao forte impacto que tiveram na construção das identidades coletivas e na ordem global.
A segunda categoria observada nesta análise é identificada pela grande presença de filmes biográficos ou baseados em fatos reais. Parece-nos importante incluir uma categoria que inclua histórias que foram vividas por pessoas e que, posteriormente, foram adaptadas para o audiovisual. Em relação a esse ponto, também observamos que, geralmente, filmes biográficos ou baseados em fatos reais são históricos ou de época – e, muito raramente, são ambientados na contemporaneidade. Também foi possível identificar filmes feitos a partir de Adaptações de Histórias Clássicas – tanto da forma tradicional, em que a adaptação é feita de forma direta e com o objetivo de se assemelhar ao enredo de um livro ou história, quando por meio de versões inovadoras, que recriam histórias amplamente conhecidas em diferentes contextos ou formatos.
Um aspecto que observamos e que também representa um número expressivo de filmes relacionados são as Identidades. Mesmo a partir das sinopses, é possível notar que temas como raça, gênero, etnia, nacionalidade, sexualidade e religião estão ganhando cada vez mais espaço no cinema.

Por fim, dividimos as categorias Filmes de Época e Filmes Históricos. A separação foi feita por entendermos que, enquanto a primeira categoria é englobada por Nostalgia, a segunda possui um objetivo mais documental e que, assim como Grandes Narrativas, não encara o passado com desejo de voltar para ele. No entanto, alguns acontecimentos da história não encaixam-se em Grandes Narrativas, já que tiveram proporções menores ou já foram superados há muito tempo, como é o caso de guerras civis, monarquias, etc.

15 exemplos ilustrativos: Para ilustrar a pesquisa, foram selecionados 15 filmes que representam alguns dos padrões que observamos ao realizarmos a investigação. Dirigido por Christopher Nolan, Dunkirk (2017) é um exemplo que ilustra a presença de filmes que abordam Grandes Narrativas no cinema – neste caso, a 2ª Guerra Mundial, que representam 17% dos filmes relacionados à hipótese. Outras obras, como Filho de Saul (2016) e O Dia a Seguir (2019) também demonstram a presença desse tipo de narrativa nos cinemas de Lisboa. Um dos músicos pop mais conhecidos nos últimos anos, Elton John tem sua trajetória musical representada em Rocketman (2019). Filmes como este, que que buscam retratar, de forma biográfica, a vida de figuras emblemáticas na sociedade, representam 18% da totalidade de filmes relacionados à hipótese 1. Outros exemplos são: Judy (2019) e Bohemian Rhapsody (2018). Produzido na Índia, Bharat (2019) é um filme que aborda, em um contexto pós-colonial, questões identitárias relacionadas à raça, etnia e nacionalidade. Filmes que tratam de identidades representam 13% da totalidade de títulos relacionados ao tema da hipótese 1. Filmes como Roma (2018), Coco (2017) e Chama-me Pelo Teu Nome (2018) trazem às telas questões relacionadas a classe, culturas e sexualidade. Ambientado nos anos 1960, Era Uma Vez… Em Hollywood (2019) retrata os bastidores da indústria cinematográfica de forma nostálgica e saudosista. Filmes desse tipo, que utilizam o passado como ferramenta de rememoração e memória, representam 23% da soma dos filmes relacionados à hipótese 1. Baseado no clássico livro de mesmo nome, escrito por Rudyard Kipling, O Livro da Selva (2016) é uma adaptação live action da história. O filme representa um padrão identificado nos filmes lançados no cinema que são frutos de adaptações de livros e histórias clássicas. Assim, a obra encaixa-se na categoria “adaptação de história clássica”, que representa 4% da totalidade de filmes relacionados à tendência. Ambientado no século XIX, O Grande Showman (2017) é baseado na história de P. T. Barnum, conhecido como o criador do circo. Além de ser baseado em uma história real, o filme também é de época, justamente por sua ambientação e elementos típicos daquele período. Por isso, a obra faz parte dos 13% que compõem a categoria “filmes de época”. Um clássico tanto do cinema quanto do contexto pop, a saga Star Wars representa um exemplo chave para a tendência “from geek to cool”. Depois de 38 anos do lançamento do primeiro filme da franquia, Star Wars: Episódio VII (2015) foi lançado. Com efeitos especiais atuais, porém com diversas referências e homenagens à trilogia original, o filme mescla tecnologia e universo geek (5%) com nostalgia (23%). Indo no sentido contrário de adaptações que têm como objetivo ilustrar a obra original, Orgulho, Preconceito e Zumbis (2016) adapta o livro clássico do século XIX, de Jane Austen, inserindo elementos pop e atuais, como zumbis. Esse tipo de adaptação mescla a categoria “incontrolavelmente pop” e “adaptação de história clássica”.

Considerações: Dos 1844 filmes exibidos em Lisboa nos últimos 5 anos, 686 deles, que totalizam 37,2%, estão relacionados com a hipótese 1. Quando feita de ano em ano, a análise demonstra que a associação filmes/hipótese passa a ser mais expressiva com o passar do tempo. Por meio da análise, foi possível identificar a expressiva presença da hipótese e do tópico Nostalgia. Também percebe-se um grande número de filmes relacionados a Grandes Narrativas, filmes de época ou históricos, biográficos/baseados em fatos reais e adaptações de histórias clássicas. Por estar fortemente presente nas temáticas dos filmes analisados, acreditamos que essa análise audiovisual tenha grande influência na estrutura da hipótese 1. Por isso, ao identificarmos padrões de repetição dos temas acima mencionados, levantamos a hipótese de possíveis microtendências que relacionam-se com essas características.

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Resultados do Grupo 2/2020

Foram analisados um total de 1751 filmes, articulando os títulos e suas respectivas sinopses à hipótese em questão. Após seleção dos filmes relacionados à hipótese, foi realizada a comparação quantitativa em relação ao total de filmes exibidos por ano e no total destes 5 anos.

2015 2016 2017 2018 2019 TOTAL
Filmes exibidos 294 268 382 404 403 1751
Filmes relacionados à hipótese 26 13 27 24 21 111
Porcentagem 9% 5% 7% 6% 5% 6%

Pode-se observar uma certa constância na representação de nossa hipótese dentre os filmes exibidos nos cinemas de Portugal nos últimos 5 anos, com uma maior porcentagem no ano de 2015 (9%) e leve queda nos demais anos até 2019. Quando analisamos o impacto da hipótese em relação ao total de conteúdo produzido em todo o período, vemos a presença desta temática em 6% dos filmes, o que pode significar que há uma representação relevante, porém, ainda emergente entre as produções cinematográficas.Pode-se concluir portanto que a hipótese apresenta impacto significativo no conteúdo produzido, porém foi possível observar uma leve queda ao longo destes 5 anos, sendo necessário a continuação desta observação nos anos seguintes.

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Resultados do Grupo 3/2020

2015: Total de Estreias: 387; Correlação: 10/387 = 2,58%
2016: Total de Estreias: 268; Correlação: 10/ 268 = 3,73%
2017: Total de Estreias: 382; Correlação: 20/ 382 = 5,24%
2018: Total Estreias : 404; Correlação: 11/404 = 2,72%
2019: Total de Estreias: 404; Correlação: 17/404 = 4,21%

Legenda e Fonte: Relação Exibições e Articulações com a Hipótese. Autoria própria.

Fonte do gráfico: Autoria própria

Nos últimos 5 anos, o pico de filmes relacionados com a Hipótese 3 deu-se em 2017, tendo depois diminuído. Contudo, no ano de 2019 houve uma subida notável. Observa-se que, mesmo que a tecnologia, a inovação e a inteligência artificial não façam parte do núcleo principal do filme, integram-se nele como elementos associados ao quotidiano da vida humana. Embora, em alguns dos casos, não façam parte do seu núcleo principal, afetam todo o enredo. Ou seja, sem a presença do elemento das novas tecnologias, o filme seria completamente diferente.
Após recolha e análise dos filmes relacionados com a Hipótese, lançados em Lisboa, durante os últimos cinco anos, observa-se que os quinze mais representativos da Hipótese focam-se, maioritariamente, no uso da inteligência artificial e como pode afectar a vida das personagens. Nota-se uma inclusão do desenvolvimento tecnológico nos enredos, através do qual se coloca mais ênfase nas suas possíveis consequências negativas, do que positivas.
Observa-se que são mais comuns os temas relacionados com a Hipótese estarem presentes em filmes relacionados com um futuro (distópico, talvez), super desenvolvido em que a sociedade e o planeta funcionam à base da tecnologia, como por exemplo, nos filmes Chappie (2015) e Autómata – O Agente do Futuro (2015).
Embora também tenham sido lançados alguns filmes que retratam o uso das novas tecnologias num panorama mais atual, como por exemplo, no filme Her (2015), Clara e Claire (2019) e Countdown (2019).

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Resultados do Grupo 4/2020

Em 2015 contabilizou-se 40 filmes sobre sustentabilidade, o equivalente a cerca de 10,2% do total de peças analisadas. Já em 2016 houve uma queda no número de produções relacionados à essa tendência, contabilizou-se 19 filmes, o equivalente a 7% das peças em cartaz durante o ano. O ano seguinte registrou um montante ainda menor de filmes com a temática de sustentabilidade, registrou-se 24 títulos, o que corresponde a 6,2% dos lançamentos em 2017. Em 2018 os longa-metragens relacionados à tendência foram verificados em 26 lançamentos, o que corresponde a 6,3% do total.
É possível verificar que a temática da sustentabilidade aparece muitas vezes em filmes do público infantil através de narrativas centradas em personagens do reino animal, que tratem sobre biodiversidade, da relação do homem com a natureza construindo de uma forma lúdica uma conscientização sobre a preservação do planeta.
Além disso, outras narrativas recorrentes são as distopias e histórias relacionadas a robôs, escassez de alimento, distribuição agrária, desastres naturais, entre outros. São filmes que projetam o futuro com base na ocupação predatória dos seres humanos na Terra, a mudança climática, e inclusive já previam a existência de vírus que se espalhassem pelo mundo gerando caos.

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Resultados do Grupo 5/2020

Verificámos que muitos dos filmes efectivamente espelham a pressão social e a presença digital causam stress, que geram várias questões de identidade. No entanto, muitos destes títulos não refletem um novo posicionamento perante as dificuldades acima mencionadas. Não concretizam a procura por um equilíbrio entre bem-estar físico e mental. Não existe um reposicionamento, reconexão a si mesmo ou à natureza (estilos de vida saudáveis) e tão pouco existem momentos de silêncio.
Como é verificável na tabela abaixo dos 1.893 filmes, apenas 84 se relacionam Bem-Estar e Privacidade representando apenas 3,8% da totalidade. Verificámos que esta percentagem baixa é constante nos últimos 5 anos. Apenas verificámos uma percentagem superior a 5% em 2019, o que pode refletir a preocupação crescente dos indivíduos em procurarem um equilíbrio entre as várias vertentes da suas vidas.

Legenda e Fonte: Relação entre as exibições e a Hipótese. Autoria Própria.

Fase 1 – Inquéritos

Resultados do Grupo 1/2020

Analisando os resultados, constatamos que a maioria das respostas obtidas foram enviadas por pessoas que se identificam com o gênero feminino e entre as faixas etárias entre 18 a 24 anos e 25 a 34 anos. Considerando esse público, foi expressivo o número de pessoas que se identificam como pertencente a um ou mais grupos identitários, totalizando em 77% das respostas. Dentre os grupos mais mencionados na pesquisa, estão: Grupo Etário (55,7%), Gênero (44,3%), Nacionalidade (44,3%), Classe Social (24,6%), Classe Laboral (24,6%), Orientação Sexual (14,8%) e Raça/Etnia (9,8%), considerando que havia a possibilidade de escolherem até três opções. Outro dado interessante é que 60,7% da nossa amostra assinalou que essas identidades são muito ou extremamente importantes na sua formação enquanto indivíduo. Disso, refletimos sobre a expansão das possibilidades de agrupamento identitário e a própria autoconsciência dos indivíduos diante desse processo, bem como do papel central das identidades coletivas na formação dos sujeitos contemporâneos.
Sobre a forma como os moradores se relacionam com o espaço urbano em Lisboa, em uma questão a respeito da diversidade em termos de identidade na cidade, 44,3% das pessoas assinalaram a opção de extremamente diversa. E como exemplos dessa diversidade, os respondentes mencionaram, por exemplo, a expressiva presença de imigrantes na cidade, a promoção de eventos voltados para públicos identitários (como LGBT+), e a visita recorrente de turistas. Bairros e determinadas regiões da cidade também foram citados como representativos da diversidade, como Martim Moniz, Alameda e Bairro da Mouraria, assim como a própria Universidade de Lisboa. Outro tópico trabalhado foi a identificação de traços da memória coletiva no ambiente urbano, em que 86,9% dos participantes responderam de forma positiva, dando exemplos como o Padrão dos Descobrimentos, Ponte 25 de Abril e o Museu do Aljube; complementando com 90,2% de interesse pela história da cidade.
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Resultados do Grupo 2/2020

O inquérito foi desenvolvido para o público geral e habitantes em Lisboa e esteve disponível de 25 de abril de 2020 à 10 de maio de 2020 no Google Forms e teve um total 43 respondentes.

Sobre o que pode ser observado com análise do conteúdo das respostas recolhidas, apontamos as questões mais expressivas a seguir.

Identidade

  • 18,6 % dos respondentes dizem não se encaixar nas denominações de auto expressão de orientação sexual mais tradicionais.
  • As identidades Queer e LGBT+ aparecem como últimas colocada no quesito tradicionalidade.
  • A inconstância dos dados relacionados à identidades faz conexão com a posição no ranking das produções audiovisuais relacionadas à hipótese, que permanece pioneira em número de produções. É possível dizer que as produções sobre essa temática fazem-se necessárias em resposta à busca de autoconhecimento e representatividade.

Desconfiança

  • Redes sociais aparecem como a de menor confiança, seguidas pelos governos municipal e constitucional.
  • Profissionais especializados, jornais e revistas, televisão, universidades são as redes de comunicação ou autoridades que as pessoas mais confiam, nessa ordem.
  • Ao serem perguntados sobre o impacto do COVID-19 e a relação de confiança dessas redes de comunicação e autoridades, as áreas mais impactadas, segundo os respondentes, são os profissionais especializados e o governo constitucional.
  • As medidas de restrição e controle durante COVID-19 auxiliaram no aumento da credibilidade e confiança das pessoas com as instituições governamentais.
  • Redes sociais e notícias aparecem como menos confiáveis em meio a pandemia. Em contrapartida, essa desconfiança tem feito com que as pessoas evitem acreditar em notícias falsas, façam revisão de dados, confiram fontes e veracidade de fatos.

Tópicos em discussão e interesse nos temas

  • Política, autoridades, desconfiança são os assuntos essenciais e os três tópicos de maior interesse dentro do menu de opções. Essa é uma característica de resposta óbvia e diretamente ligada à situação atual de incertezas em época de um mundo lutando contra o COVID-19.
  • Ao que referem-se assuntos essenciais a serem discutidos em cinco anos aparecem os temas igualdade, discriminação, política, autoridades e diversidade.
  • Transhumano, no-gender e desconfiança apresentam-se como os tópicos mais controversos e que dividem opinião.

Resultados do Grupo 3/2020

Após a análise dos resultados dos inquéritos, observa-se que mais de 70% do público inquirido utiliza dispositivos de novas tecnologias diariamente, embora mais de metade do mesmo considere que o uso dessas novas tecnologias pode impactar a saúde física (63%) e a saúde mental (70%) de modo negativo. Pode supor-se que a justificação disso assenta no facto de, actualmente, as novas tecnologias serem consideradas um modo de lazer, por mais de metade do público (55%) e facilitarem o contacto entre as pessoas, para a grande maioria (93%). Porém, 76% acredita que as novas tecnologias contribuem para o afastamento da interação presencial e física entre as pessoas.

Quanto à integração de inteligência artificial na vida em sociedade, as respostas estão quase equilibradas, embora o número de pessoas que considera que essa integração traz mais vantagens (53%) do que desvantagens (47%).

82% do público inquirido considera que o fácil acesso à informação possibilitado pelo desenvolvimento tecnológico é algo positivo, mas essa mesma percentagem confessa também que se sente incomodada por os seus dados serem registados por vários sites e por essas mesmas plataformas terem acesso ao seu histórico online.

No fundo, observa-se que o público inquirido acredita que os benefícios (acesso a mais informação, fácil modo de contacto, lazer e hobbies online, etc) das novas tecnologias se sobrepõem aos malefícios (impacto negativo na saúde física e mental, registo online de dados pessoais, afastamento físico entre as pessoas, etc). Talvez seja essa a razão de continuarem a utilizar tão frequentemente as novas tecnologias e os seus respetivos dispositivos, embora estejam também cientes das suas desvantagens.

Resultados do Grupo 4/2020

Nosso intuito ao elaborar o inquérito foi buscar compreender qual é a ideia de sustentabilidade que as pessoas apresentam, por ser um tema amplo gostaríamos de saber o que vem em mente intuitivamente. Além disso, buscamos compreender se a experiência do confinamento alterou a relação das pessoas com essa tendência. A quarentena nos coloca em contato com a nossa produção de lixo, suscita reflexões a respeito do consumo, que tipo de produtor iremos incentivar em um contexto de crise econômica, entre outros dilemas. Pretendemos compreender se de fato esse potencial reflexivo se concretizou e de que maneiras.
Outra preocupação foi mensurar o que as pessoas sentem a respeito das políticas públicas nacionais e na cidade de Lisboa que levam em consideração a sustentabilidade. Compreender quais são as principais atitudes das pessoas em termos de atitudes sustentáveis também foi uma de nossas inquietações, nossa proposta é lançar luzes sobre que ações de forma pragmática as pessoas têm tomado.
Obtivemos 88 respostas desde o início do inquérito. O público que nosso inquérito conseguiu atingir é formado majoritariamente por pessoas do sexo feminino com 83%, enquanto que o sexo masculino se expressa com 15,9%. Além disso, é maior a quantidade de pessoas com idades de 25 a 34, compondo 33% do público, enquanto que de 18 a 24 anos respondem por 28,4% e de 35 a 44 por 23,9%. Também, os estudantes de licenciatura ou bacharelado são maioria com 59,1%, seguido pelo mestrado com 23,9 e o 12° ano com 14,8%.
Foi interessante reparar que, primeiramente, ninguém afirmou ser indiferente a sustentabilidade, todos, independente do grau de importância que dão ao tema, o consideram pertinente. Além disso, entre as ações cotidianas relacionadas à sustentabilidade a reciclagem se apresenta como principal atividade(80,7%) mas dar preferência a compra de pequenos produtores está logo em seguida (61%) e a compra de itens usados também obteve uma expressiva adesão (44,3%).
Em termos de avaliação de políticas públicas, tanto de Lisboa quanto na perspectiva nacional, as respostas mais escolhidas foram parcialmente satisfatórias e em segundo lugar insatisfatórias. Em geral a avaliação foi predominantemente negativa.
No âmbito da discussão internacional da temática da sustentabilidade, 44,6% avaliam que a discussão ocorre com frequência regular e a segunda maior parte dos participantes, 39,8% respondeu que o tema é pouco discutido.
A questão número 7 questiona se a percepção sobre sustentabilidade mudou no contexto pandêmico e é a única que permite que a resposta seja justificada. Apenas 19 pessoas responderam que o confinamento não alterou sua percepção sobre o tema, a ampla maioria afirmou que passou a reparar na quantia de lixo que produz, passou a consumir menos, comprar apenas o essencial, utilizar os alimentos de forma integral para evitar o desperdício, tentar produzir seus próprios alimentos para não precisar se deslocar para comprar. Algumas pessoas comentam que agora tem mais tempo para reparar na natureza, se dedicar à sua horta, perceber uma diminuição da poluição e até um aumento em sua qualidade de vida. Outra preocupação recorrente é o insight de que as economias locais devem ter mais autonomia para que não fiquem reféns do sistema econômico global, foram sugeridas formas alternativas de abastecimento do alimento, hortas urbanas e incentivo à agricultura familiar.
No entanto, há uma preocupação com o descarte de itens de uso único como os equipamentos de proteção individual utilizado no combate ao covid. As pessoas relatam ter reparado que máscaras e luvas são deitadas na rua.
A ideia de que é necessário que sustentabilidade e crescimento econômico caminhem juntas foi reforçada tanto nessa pergunta como na seguinte, apresenta-se também uma preocupação com a desigualdade social que se evidencia no contexto pandêmico.
Quando questionados sobre a sustentabilidade no desenvolvimento social por unanimidade venceu a afirmação de que pode ser uma forma de melhorar a qualidade de vida sem prejudicar o meio ambiente. Sobre o nível de informação a respeito da sustentabilidade 70,5% afirmam que as pessoas estão pouco informadas. Quanto às empresas, 67% afirmam que as corporações estão informadas mas tomando poucas atitudes sustentáveis. Em se tratando de uma análise da cidade de Lisboa 71% dos entrevistados afirmam que o principal problema ambiental é a poluição do ar causada pela grande circulação de automóveis, em seguida a poluição do rio Tejo foi apontada como o segundo problema mais relevante.
Um dado surpreendente quanto à sustentabilidade nas cidades foi a priorização do uso de energias renováveis, apontada por 77,3% dos entrevistados, a segunda estratégia mais relevante foi a valorização dos espaços verdes (61,4%) e em seguida a adoção de carros e autocarros elétricos. Quando questionados sobre o quanto a economia circular seria relevante para a sustentabilidade a maioria das pessoas afirma que é um método interessante.

Resultados do Grupo 5/2020

O objetivo do formulário é compreender algumas questões relacionadas ao bem estar, à saúde mental, à privacidade e às pressões nas dinâmicas sociais, neste período de confinamento social de residentes que estudam ou/e trabalham na zona metropolitana de Lisboa.
O formulário foi aplicado via google forms, sendo encerrado com um total de 203 respostas.
As idades dos participantes variam dos 20 aos 72 anos de idade, sendo mais predominante participantes com idade dos 22 aos 48 anos, confirmando o direcionamento correto para o público alvo proposto. Notou-se que duas pessoas não responderam a essa questão, o que não causa grande impacto na análise geral dos resultados. A escolaridade concluída analisada nas respostas é composta, em sua maioria, pelos que possuem ensino superior, totalizando 104 participantes (65,4%), frente a 25 (15,7%) que ainda não ingressaram ao universo acadêmico e o total de 19, que responderam possuir pós doutoramento finalizado (11,9%).
Durante o estado de emergência, os números sugerem uma confiança quanto à estabilidade financeira dos participantes e/ou de seus agregados nesse período. Mais da metade (61,6%) revelam não terem e nem preverem uma quebra nos rendimentos, enquanto (38,4%) responderam que sim.
Embora dois participantes não tenham respondido qual a atual situação quanto à condição de isolamento em casa, 129 responderam que estão a se isolar (82,2%), 25 que em parte (15,9%) e apenas três participantes responderam que não estão a fazer isolamento em casa. Desses três, dois estão categorizados como profissionais de saúde, o que explica a resposta negativa.
No entanto, embora a boa vontade no cumprimento das medidas de isolamento em casa correspondam a maioria das respostas, para que o isolamento seja desempenhado é necessário que a casa esteja abastecida, como mostra o gráfico. Para esta questão, foi disponibilizada a opção de respostas múltiplas e abertas. Sendo assim, somaram-se 137 respostas de saídas para ida às compras do tipo mercearias (86,7%), 51 para caminhar (32,3%), 38 para o trabalho (24,1%), 18 para passear o animal de estimação (11,4%), 12 para apanhar sol (7,6%). Outras opções obtiveram apenas uma resposta, como listadas abaixo no gráfico.
Embora o cenário da pandemia exija um confinamento social e cerca de mais da metade dos participantes (53%) tenham respondido que saem de casa para atividades não essenciais como, passear o animal de estimação, caminhar, apanhar sol, andar de bicicleta e correr, cerca de (70%) dos participantes estariam quase ou totalmente dispostos (de 6 a 10, na escala) a cederem os seus dados de localização, de forma a contribuir para o controle da disseminação do coronavírus, e apenas (29%) estariam nada ou quase nada dispostos a cederem. Esse resultado vai de encontro, ou seja, vai contra com as expectativas geradas na formulação deste inquérito. Possivelmente a falta de mais informações sobre o sistema do “grande irmão” tenha colaborado, ou simplesmente não existe uma importância quanto aos dados de privacidade para os participantes.
Em uma escala de 1 a 10, onde 1 representa nada saudável e 10 totalmente saudável, o número de participantes que se sentiam mentalmente saudáveis, antes do isolamento devido à pandemia do coronavírus, era de alcance relativamente alto, para 121 participantes que responderam de 8 a 10.
Na sequência dessa pergunta, com opção de respostas múltiplas e abertas, 122 participantes marcaram o trabalho (77,7%) como uma das atividades desempenhadas que colaboraram para o bem estar mental antes do isolamento. O tempo com a família (65%) também foi um dos fatores, representando 102 respostas, assim como o tempo para relaxar (59,2%), seguido de atividades físicas (56,7%), estudos (30,6%) e tarefas domésticas (28%). Tempo com os amigos somaram 8 respostas.

Ao contrário das respostas positivas quanto à saúde mental antes do isolamento pela pandemia do coronavírus, onde numa escala de 1 a 10, em que o 1, representa nada saudável e o 10, totalmente saudável, há quase uma inversão nas respostas dos participantes, que apontam uma piora. Durante o isolamento apenas (10,7%) dos participantes sentem-se totalmente saudáveis, uma queda de mais da metade (-52%) comparado com o cenário anterior à pandemia. Quedas maiores referidas ao 9 na escala, de aproximadamente (-66%), e ao 8, de cerca de (-27%) comparados ao cenário anterior. A partir do número 7, as taxas apontam para um crescimento, sendo o 7 (+70%), o número 6 (+237%), o 5 (+566%), o 4 (+25%), o 3 (+150%), o 2 (+400%) e o 1 (+100%), comparados aos números antes do isolamento.
Embora os dados apontem para uma mudança significativa quanto à saúde mental antes e durante o isolamento devido a pandemia do coronavírus, as atividades desempenhadas antes, como colaboradoras para níveis referentes a uma ótima saúde mental, revelam uma pequena queda na fase durante o isolamento, com exceção das tarefas domésticas, que aumentaram (+61%). As quedas constatadas foram relacionadas ao trabalho (-14%), aos estudos (-19%), às atividades físicas (-30%), ao tempo para relaxar (-16%) e ao tempo com a família (-30%). No cruzamento dos dados das quatro tabelas associadas, é possível perceber que as atividades desempenhadas, em um cenário anterior à pandemia, foram relacionadas com níveis positivos de saúde mental. Essas atividades desempenhadas tiveram uma variação pequena que praticamente foram mantidas durante a pandemia do coronavírus. No entanto, o nível de saúde mental durante a pandemia despencou. Importante ressaltar que o aumento do número de tarefas domésticas também colaboram para os números baixos de saúde mental. Isso pode significar que essa queda não está nas atividades em si, mas na qualidade em como elas são exercidas.
Outro gráfico que corrobora com a baixa qualidade no desempenho das atividades relaciona-se com as pressões para entrega de resultados. Seja em relação ao teletrabalho e/ou estudos, seja nas atividades domésticas e/ou escolares dos filhos e/ou familiares, foi constatado, dentro de uma escala de 1 a 10, onde 1 representa nada pressionado e 10 totalmente pressionado, que cerca de (71%) dos participantes sentem-se pressionados, na soma referente às escolhas de 6 a 10. Ao contrário, apenas (17%) dos participantes sentem-se pouco ou nada pressionados, na soma referente às escolhas de 1 a 5.
Essa pressão constante para entrega de resultados, somada ao baixo nível de saúde mental durante o confinamento, pode impactar e exercer em uma quantidade maior de participantes que estariam dispostos a ceder seus dados pessoais para contribuir no combate e tratamento do coronavírus para que assim a “normalidade” pudesse ser estabelecida novamente. Na escala de 1 a 10, onde 1 representa nada disposto e 10, totalmente disposto, apenas 24 participantes (15%) estariam nada ou quase nada dispostos, tendo marcado as opções de 1 a 5, e 134 participantes (84%) estariam quase ou totalmente dispostos.
A alta disponibilidade na cessão dos dados pessoais pelos participantes, sejam eles de localização ou de saúde, para contribuir no combate e no tratamento do coronavírus, pode estar relacionado também com o nível de satisfação com as novas formas de socializar impostas pela quarentena, embora sejam os únicos meios disponíveis. O nível de satisfação estabelecido de 1 a 10, sendo 1 nada satisfeito, e 10 totalmente satisfeito, foi marcado com apenas (7,5%) como totalmente satisfeito e um nível abaixo, 9, com (10,7%). Níveis baixos também, de 1 a 4, considerados como nada ou pouco satisfeito com (11%), níveis medianos 5 e 6 aproximadamente (15%) cada um, e nos níveis de satisfação parcial, 7 e 8, somam (39,6%).
Atualmente, durante o cenário de pandemia do coronavírus, que exige um confinamento social, os participantes responderam que algumas atividades têm ajudado-lhes a manterem-se saudáveis mentalmente. São elas: assistir filmes (68,8%), ouvir música (53,5%), acessar internet (50,3%), leitura (42,8%), caminhada (37,1%), exercícios físicos, inclusive alongamentos e correr na passadeira (15%), yoga (14,5%), não fazer nada (8,8%), dança (8,2%), meditação (5,7%), trabalhos manuais como artesanato e bricolage (1,9%), dentre outras atividades.

Fase 1 – Entrevistas

Resultados do Grupo 1/2020

A etapa das entrevistas foi crucial para a consolidação de informações recolhidas em passos anteriores da pesquisa, sublinhadas a partir da fala de especialistas em diferentes áreas atreladas à hipótese e de moradores da cidade de Lisboa. Foi um processo de dar voz aos sinais recolhidos (criativos e em espaços), no clipping, na planificação audiovisual e na própria desk research. Assim, enquanto método etnográfico, as entrevistas permitiram uma maior aproximação com o público, em um processo de validação dos indícios que começavam a despontar, trazendo os fenômenos observados para o plano da percepção e assimilação social.
A partir desse momento, com a potencialização de reflexões sobre temas que se destacavam e a atividade de ouvir a opinião dos moradores de Lisboa, a tendência passou por dois processos distintos e simultâneos: a ampliação dos tópicos e a corroboração por profissionais de áreas correlatas, que agregaram novas perspectivas e possibilidades de aplicação dos insights em formulação, e a indicação de uma mentalidade coletiva mais localizada, refletindo em um primeiro plano o contexto português e, numa leitura mais aprofundada, europeu.
Usando o texto original da hipótese como referencial e o que julgamos pertinente com as informações recolhidas durante a pesquisa, optamos pela elaboração de um roteiro-base, abordando as seguintes temáticas centrais: Reconhecimento identitário; Principais influências/fontes de narrativas; A identidade no espaço urbano; Memória coletiva; Nostalgia; O papel da experiência em escolhas de consumo e lazer; Relação entre memória e espaço urbano; Gamificação; Hibridização de linguagens e plataformas; Relação pessoal com a cidade; Origens e perspectivas futuras; Globalização; Impacto na rotina e atividades gerais causado pelo Covid-19.

Público geral
No que diz respeito ao público geral, formado por moradores de Lisboa, o roteiro foi levemente adaptado conforme as informações prévias sobre o interlocutor ou condução da entrevista, considerando tópicos de maior interesse e rumos de cada conversa. A proposta inicial era de realização das entrevistas em encontros presenciais, o que foi impossibilitado com as medidas de isolamento social, mediante a pandemia do Covid-19. Como alternativa, optamos pelo uso de videochamadas, em conversas que duraram entre 30 minutos e uma hora, realizadas entre 15 de abril e 03 de maio de 2020. É fundamental ressaltar a influência do contexto pandêmico, explicitada na própria forma de viabilização dessa troca, nas respostas e dados coletados, em especial no que diz respeito às reflexões pessoais e vivências urbanas, postas em cheque com a restrição da circulação em vigor durante os últimos meses.
Ao total, entrevistamos oito pessoas, entre 26 e 68 anos, de diferentes nacionalidades (alemã, portuguesa, brasileira, húngara), com trajetórias profissionais e de vida que também se distinguem, e apresentando razões diversas para viver em Lisboa (estudo, trabalho, laços familiares, manifestações artísticas, troca cultural, entre outras). Selecionamos fragmentos de quatro entrevistas, representativos para o passo como um todo.

Especialistas
Com relação aos especialistas, buscamos profissionais relacionados às áreas que consideramos como centrais para a formulação da tendência, que são: identidade; nostalgia; urbanismo; branding e a economia experienciada; experiência digital e gamificação; Para essas entrevistas, o roteiro-base foi adaptado conforme a área de atuação do especialista em questão, com o intuito de explorarmos ao máximo a experiência profissional de cada um deles, para traçarmos uma conexão com os outros dados levantados. 5 entrevistas.

Considerações
A etapa das entrevistas foi crucial para o desenvolvimento da pesquisa, trazendo insights em processo de formulação para o plano das vivências e percepções ao nível do indivíduo. Mais do que o propósito anunciado de lugares e objetos, ou ainda como os conteúdos da tendência são abordados na mídia, foi possível contemplar seus efeitos e relacioná-los à percepção de pessoas reais e suas experiências com cada um dos tópicos investigados. Nas entrevistas com o público geral, os temas da identidade e relação com o espaço urbano da cidade de Lisboa prevaleceram, o que pode ter uma relação direta com as restrições de circulação impostas pelo Covid-19, e uma aparente predisposição para a reflexão sobre origens, narrativas que provocam identificação e o processo de transformação do reconhecimento identitário ao longo da vida – nossos interlocutores demonstraram certo entusiasmo em compartilhar suas histórias e visões sobre o assunto. Nesse ponto, a família apareceu como um fator central na criação de narrativas e valores, bem como processos migratórios, marcantes no contexto da cidade de Lisboa. Os entrevistados também foram capazes de distinguir manifestações de diferentes culturas no espaço da cidade, o que pode ser relacionado com o multiculturalismo em Lisboa e o processo de incorporação e assimilação de expressões identitárias que se diferem da portuguesa. Sobre a memória coletiva, observamos dois caminhos diferentes: um de valorização, como uma forma de ancorar o presente em feitos passados, preservando raízes, e outra de contestação, em que a história oficial e seus marcos passam por um processo de questionamento e reelaboração, a partir de parâmetros contemporâneos e a valorização de outros agentes/marcos. No que tange às entrevistas com especialistas, partindo dos cinco tópicos pré-estipulados, acessamos informações mais personalizadas e nutridas de uma visão mercadológica e/ou acadêmica, agregando argumentos de autoridade contemporâneos no processo de pesquisa, o que foi muito interessante pela contemplação de como os subtemas da tendência operam de forma independente no contexto da “vida real”.

Resultados do Grupo 2/2020

Entrevistas com Criadores
Entre os dias 20 e 29 de Abril de 2020, foram realizadas entrevistas em profundidade com sete criadores de projetos criativos nacionais e internacionais relacionados à hipótese de tendência em pesquisa, entre 24 a 47 anos de idade e com projectos que existem, em média, há 5 anos. As entrevistas foram realizadas por videoconferência, totalizando pouco mais de seis horas de gravação, utilizando o roteiro semi-estruturado que pretendeu: Entender as motivações por trás da criação dos projetos criativos; Ajudar-nos a entender a força de cada uma das temáticas encontradas por nós durante as pesquisas e o quanto fazem sentido para este público e o potencial de crescimento de cada uma, a fim de colaborar na posterior formulação de nossa tendência; Buscar novos Sinais/Espaços Cool na cidade de Lisboa relacionados à hipótese.
Foi possível perceber eixos que se destacaram com maior força e que se interligam entre os entrevistados e temáticas com mais clareza, ainda que todas as palavras-chave e principalmente estes eixos, de alguma forma parecem dialogar entre si.

Igualdade (Aceitação, Gênero/No Gender, Diversidade e Discriminação)
Igualdade certamente surge como a palavra-chave de maior força, apresentando importância entre a maioria dos entrevistados e articulando de maneira mais forte com as temáticas de aceitação, gênero, diversidade e discriminação. Também houve uma ligação, ainda que mais fraca com questões políticas. Os insights possíveis foram:

  • Igualdade é um conceito bastante forte para a maioria dos entrevistados, aparecendo como uma luta coletiva e que deve ser realizada de forma ativa por nós mesmos, não esperando que outros, como autoridades, lutem por ela, apesar de haver um entendimento de que a política pudesse ser um instrumento valioso.
  • A Igualdade surge como um conceito de aceitação da diferença, ou seja, não somos todos iguais, é verdade, mas devemos aceitar e respeitar estas diferenças. Uma nova palavra que pode definir esse conceito é a equidade, que é o entendimento dessas diferenças e desigualdades presentes na sociedade para que as pessoas sejam tratadas de forma mais proporcional.
  • Aceitação é vista de uma forma mais ampla, principalmente referindo-se à aceitação própria e não pelo outro, que parece apresentar uma conotação negativa. Aqui surgem de forma muito forte conceitos como liberdade para ser quem é e se expressar da forma que se sente mais confortável e a conquista de espaços para sua narrativas próprias.
  • Ao conceito de gênero/no gender, vemos a possibilidade de ampliação dentro das próprias categorias tradicionais (homem/mulher) e novamente a liberdade para se expressar e vestir da forma que preferir.
  • Também foi possível ver a educação, não necessariamente de forma tradicional, mas com maior foco na formação de melhores pessoas, como ferramenta para se alcançar igualdade.
  • Apesar desta luta e esperança, a igualdade parece ainda uma realidade distante e utópica, sendo barrada principalmente pelo próprio sistema e classes dominantes.
  • As palavras diversidade e inclusão estão em evidência, porém, são vistas com seu uso já gastos e utilizadas de maneira muito superficial. Estes conceitos devem ser ampliados e aprofundados, levando em conta a diversidade dentro das próprias categorias que hoje já são trabalhadas (negros, homossexuais, homens..) e de forma
  • Discriminação é vista como algo muito presente, de forma estrutural e enraizada, mantida pelas classes que detém o poder, que tem medo de perdê-lo, e que mesmo com toda a luta é muito difícil de ser combatida.

Política (Autoridades e Desconfiança)
Este eixo, puxado pela palavra-chave Política, também demonstra bastante força entre os entrevistados, estando relacionado ao eixo anterior uma vez que os sentimentos observados aqui se dão em busca de uma igualdade, em sua mais amplo forma. Podemos ter como insights então:

  • Há um movimento de desconfiança nas autoridades tradicionais como os grandes media.
  • Percebemos a desconfiança como uma ferramenta de proteção contra as opressões sofridas, que são sentidas de forma muito forte, até mesmo contra a própria vida.
  • Mesmo não sendo perguntada de forma direta, a raiva também é citada e percebida, principalmente relacionada à política, autoridades e uma luta para driblar o sistema atual e classes dominantes, que sentem medo desta revolta.
  • A política também é vista de forma mais ampla e ferramenta de transformação. Nossos corpos são políticos, tudo o que produzimos é posicionamento político.
  • Há também o entendimento de e valorização de autoridades genuínas, não políticas mas que tenham estudando, sejam especialistas e tenham capacitação para falar de um determinado assunto, o que em tempos de debates virtuais, se torna cada vez mais importante.

Transhumano
Esta palavra aparece de forma mais desconexa das demais temáticas envolvidas na hipótese. Mesmo entre entrevistados supostamente ligados diretamente ao tema, o movimento parece ser bastante emergente, principalmente em Portugal, porém com potencial de crescimento. Como insights obtivemos:

  • A grande questão aqui é a expansão da consciência humana, não apenas através do uso de novas tecnologias (o que na verdade é apenas uma das correntes deste movimento), mas também através de medicamentos e terapias alternativas.

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Resultados do Grupo 3/2020

O público entrevistado, num total de quatro entrevistas, apresenta unanimidade referente aos benefícios das novas tecnologias. Consideram que uma das suas grandes vantagens é um acesso mais fácil, rápido e eficaz à comunicação e à informação. Quanto à presença das novas tecnologias na vida em sociedade, alguns dos entrevistados consideram que essa presença não é intrinsecamente má, porque ajuda a facilitar algumas tarefas humanas. Contudo, as opiniões oscilam quanto a uma maior integração da inteligência artificial na vida em sociedade, o que demonstra alguma reticência quanto à mesma. A inteligência artificial é, talvez, a área na qual há algumas dúvidas e não há uma confiança total. As pessoas tendem a usufruir e a usar as novas tecnologias para as ajudar, auxiliar e entreter, mas não para as substituir. Tal acontece porque aparenta haver uma preocupação e atenção dadas à racionalidade humana e aos sentimentos humanos, na tomada de decisões – características essas que alguns entrevistados consideram difíceis de emular e replicar.
O público entrevistado parece concordar quanto ao impacto das novas tecnologias na saúde. A nível mental consideram que esse impacto pode ser negativo, indo ao encontro das opiniões nas respostas recolhidas no inquérito, acerca da mesma questão. Mas, apesar disso, pode também contribuir para uma maior inclusão de pessoas em grupos e comunidades com interesses semelhantes, nos quais podem conhecer outras pessoas e debater pontos de vista. O público entrevistado revela, também, estar alerta do progresso feito na área da saúde física (através de novos tratamentos, novos aparelhos, etc) possibilitado pelas novas tecnologias e pelo respetivo desenvolvimento. No geral, tanto o público do inquérito como os entrevistados estão cientes das potencialidades das novas tecnologias, bem como das suas desvantagens.
O facto de as novas tecnologias e o mundo virtual serem viciantes e estimulantes, através da tão intensa partilha de informação e constante inovação (que causam curiosidade), são causas evocadas como justificação para o grande número de horas que a população passa a utilizar as novas tecnologias e os dispositivos que são fruto das mesmas.

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Resultados do Grupo 4/2020

Optamos por entrevistar pessoas que representassem os diferentes âmbitos da sustentabilidade: membro de uma corporação, agente na política institucional, cidadão com iniciativa autônoma.
A entrevista com a analista de marketing foi realizada por telefone no dia 7 de maio. A conversa durou cerca de 40 minutos e revelou que a empresa está buscando incorporar a sustentabilidade como uma estratégia de engajar as pessoas a utilizarem os serviços do site. Um aspecto interessante foi o fato de que a plataforma não visa incentivar o consumo, não promove anúncios com gatilhos mentais de escassez por exemplo, ela apenas se comporta como um ponto de encontro entre vendedores e compradores. A entrevistada afirma que o aspecto de maior adesão dos consumidores é a “escolha inteligente” de adquirir um bem em ótimas condições por valores abaixo do mercado. Ela afirma ainda que a empresa tem sido associada aos valores da sustentabilidade por exemplo por influencers que os marcam nas redes sociais e está tentando se apropriar disso como uma forma de apresentar que além do benefício econômico, a compra de usados também contribui para a preservação do planeta. Comentou também que há um estudo que aponta que o seu grupo evitou a emissão de 900 mil toneladas de CO2 em 2019. A analista ressalta que a pandemia foi um “acelador” de futuros para a empresa, todos os funcionários estão em teletrabalho e assim devem permanecer até setembro e houve uma atualização do branding da empresa bem como a adoção de pagamentos digitais e do sistema delivery.
A entrevista com a engenheira de ambiente foi realizada por telefone no dia 4 de maio. A conversa, que durou cerca 30 minutos, abordou questões como a agricultura urbana, a ressignificação de espaços urbanos, a economia circular e o cenário pandêmico. Ressalta-se da entrevista o impacto positivo dos projetos urbanos à cidade, promovendo o bem estar, os laços comunitários e a ressignificação de espaços em desuso. Neste momento de epidemia, a agricultura urbana se mostra como alternativa aos supermercados, com fila e escassez de produtos. Mas também, a agricultura urbana é uma forma de democratizar o acesso à comida e também de evitar o desperdício de alimentos, sendo a compostagem uma prática ligada à ideia de economia circular.
A entrevista com o deputado foi realizada no dia 7 de maio de 2020 por meio da plataforma Zoom. A conversa feita por videochamada durou 40 minutos, tendo sido abordadas questões como o ciclismo, a agricultura urbana, a sustentabilidade em tempos de pandemia e os novas modelos econômicos. Na entrevista ficou evidente que o uso da bicicleta durante a pandemia, como forma de promover o distanciamento social, e a agricultura urbana, ligada à ideia de segurança alimentar, são ações que fazem repensar a relação do indivíduo com a cidade, possibilitando uma nova mentalidade a respeito dos espaços. Também, estas duas ações são vistas como formas de organização social e de pacto coletivo que colaboram para uma cidade mais sustentável e com mais bem estar.

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Resultados do Grupo 5/2020

Análise das respostas da entrevista a profissionais de saúde em Portugal.
O objetivo das entrevistas é compreender como os profissionais de saúde, de forma geral, sentem-se em meio a pandemia do coronavírus, uma vez que encontram-se no combate de fronte e podem receber pressões que o levem a um quadro problemático, como o de estresse, por exemplo.
As entrevistas foram realizadas do dia 30 de abril a 6 de maio de 2020, com 18 profissionais de saúde que trabalham em área dedicada ao atendimento direto ou indireto de pacientes com suspeita de COVID-19, na região metropolitana de Lisboa. Devido ao problema do coronavírus – que gerou uma demanda maior de requisição aos profissionais de saúde para atendimento nos hospitais, e consequentemente a disponibilidade de horário para concessão das entrevistas – enviámos as perguntas das entrevistas, conforme nos foi solicitado pelos profissionais, via google forms, a fim de facilitar o seu preenchimento, de acordo com o tempo disponível de cada profissional.
Quando perguntados se sentem-se em segurança para exercer a profissão, 14 profissionais afirmaram que sim (77,8%). Um deles ponderou que no entanto, é bastante estressante toda a situação da pandemia e que tem sentido medo de ser contaminado ou que alguém de sua equipa seja. Apenas três profissionais, responderam que não sentem-se seguros ao exercer a profissão, sendo que dois reforçaram que a suas insegurança se dão em virtude da insuficiência de materiais e que os mesmos são de baixa qualidade ao nível da proteção..
Quase todos os profissionais (94,4%) temem ser condutores de alguma doença ou agente parasitário para a sua residência. Apenas uma enfermeira disse não temer.
Importante ressaltar que, nenhum dos profissionais entrevistados recebem algum tipo de atendimento psicossocial neste período da pandemia. Perguntados como se sentem quanto aos resultados dos trabalhos desempenhados como profissionais de saúde, 13 profissionais responderam positivamente, representado no gráfico como “P+” com (72,2%) que se sentem úteis, reconhecidos, orgulhosos, satisfeitos, um pouco aquém do que poderia ajudar e um deles até cobra os colegas e utentes o cumprimento das normas de segurança.
Os outros cinco profissionais responderam negativamente “N-” e um deles, representado por “M+-“, no gráfico, sente que o resultado do seu trabalho é satisfatório, mas que no entanto, acredita ser mal remunerado e pouco reconhecido pela sociedade. Esse criticou, inclusive desabafando, “só agora se lembraram de bater palmas?”. Os outros profissionais utilizaram palavras para definirem como se sentem em relação aos resultados de seu trabalho como: apreensivo; ignorado pela Instituição, pelo Ministério da Saúde e pela sociedade; não reconhecido pelos seus esforços e com receio de ser infectado e infectar seus familiares, mesmo estando em isolamento familiar, desde final de fevereiro.
Podemos concluir que, existe uma preocupação com maior parte dos profissionais da saúde em monitorar constantemente os sintomas relacionados ao coronavírus e de ser condutor de alguma doença ou agente parasitário para as suas residências, embora a maior parte se sinta em segurança para exercer a profissão, exceto quando não há disponibilidade de equipamento de proteção individual adequado, o que pode comprometer o exercício da profissão e desencadear em problemas de saúde mental. Podemos perceber também que não existe uma grande pressão hierárquica, nem familiar dos pacientes, para cerca de doze/treze profissionais dos dezoito entrevistados, no contexto da cidade de Lisboa. Foi possível perceber também, que falta um programa de atendimento psicossocial para ajudar esses profissionais de saúde, que lidam com problemas alheios e vivem um desafio constante para manterem-se em equilíbrio mental e fornecer segurança aos seus pacientes. A falta de um programa de atendimento a esses profissionais pode trazer a impressão de que não existe um reconhecimento dos esforços empenhados, como mencionado por alguns.

Análise das respostas da entrevista à profissionais de saúde mental em Portugal
O objetivo das entrevistas é compreender como os profissionais de saúde mental, de forma geral, sentem-se em relação ao trabalho desempenhado em meio a pandemia do coronavírus, bem como entender os problemas relatados pelos pacientes que eles prestam atendimento.
Devido ao problema do coronavírus – que gerou uma demanda maior de requisição aos profissionais de saúde para atendimento nos hospitais, e consequentemente a disponibilidade de horário para concessão das entrevistas – enviamos as perguntas das entrevistas, conforme nos foi solicitado pelos profissionais, via google forms, a fim de facilitar o seu preenchimento, de acordo com o tempo disponível de cada profissional.
As entrevistas foram realizadas do dia 2 a 7 de maio de 2020, com seis profissionais de saúde mental que trabalham na região metropolitana de Lisboa. A média de horas trabalhadas por esses profissionais variam de 4 a 12 horas diárias. Quatro (66,7%) desses profissionais têm atendido pessoas com problemas relacionados ao confinamento social causados pelos pandemia de COVID-19. Nesses atendimentos, os profissionais relataram que os seus pacientes queixaram-se desde problemas como tosse; febre; medo de isolamento dos seus, caso fosse internado; ansiedade; depressão; bem como medo de não poderem deslocar-se ao hospital porque os familiares não deixam. Desses problemas, os que mais causam preocupação e ansiedade nos pacientes atendidos são as consequências financeiras da suspensão das atividades produtivas; a possibilidade de contrair o coronavírus; o fim da interação social como é conhecido; bem como o medo de perder algum familiar por COVID-19.
Nesses atendimentos, quando questionados sobre como os pacientes têm lidado com o confinamento associados às obrigações laborais (teletrabalho), atividades domésticas e cuidados com a família, as reações têm sido negativas. Foram relatados diversos problemas, desde ansiedade, dificuldades, sentimento de incapacidade, impotência até mesmo desânimo marcado. Dois profissionais de saúde mental também relataram que atenderam pacientes com COVID-19 e que eles lidam com a situação com grande revolta, preocupação e medo.
Nenhum dos profissionais entrevistados receberam algum tipo de atendimento psicossocial nesse período de enfrentamento da pandemia, no entanto, todos relacionaram sentimentos positivos quanto aos resultados do trabalho desempenhado enquanto profissional de saúde.
Podemos concluir que, para além dos problemas já tratados normalmente pelos profissionais de saúde mental em seus pacientes, a pandemia do Covid-19 trouxe outras queixas relacionadas ao bem estar, como preocupações, medos e ansiedades. É possível perceber que falta um programa de atendimento psicossocial para ajudar esses profissionais de saúde, que lidam com problemas alheios e vivem um desafio constante para manterem-se em equilíbrio mental e fornecer segurança aos seus pacientes. A falta de um programa de atendimento a esses profissionais pode trazer a impressão de que não existe um reconhecimento dos esforços empenhados, como mencionado por alguns.